Partido dos Trabalhadores

Governo Temer retira investimentos de estatais federais

Sindicalistas dizem que os períodos de crescimento da economia do Brasil coincidem com os anos em que houveram mais investimentos públicos

Lula Marques

O Golpista Michel Temer

O golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) acelera o desmonte do patrimônio público do Brasil retirando investimentos, principalmente, em áreas estratégicas como o petróleo e energia e trava o crescimento econômico do país.

Temer foi o presidente que menos investiu nos últimos 19 anos nas estatais brasileiras, segundo dados do 6º Boletim das Estatais Federais do Ministério do Planejamento.

A comparação dos primeiros trimestres dos dois últimos anos do governo da presidenta legítima Dilma Rousseff e o mesmo período de 2017 e 2018, depois do golpe de 2016, mostram que Temer investiu quase a metade.

Nos primeiros trimestres de 2014 e de 2015, Dilma Rousseff investiu nas estatais R$ 40,3 bilhões (R$ 21,7 bilhões – 1,6% do PIB -, em 2014; e R$ 18,6 bilhões – 1,3% do PIB -, em 2015).

Já Temer, investiu R$ 11,2 bilhões, em 2017 – 0,7% do PIB; e R$ 9,8 bilhões, em 2018 – 0,6% do PIB.

“Só há uma justificativa para a falta de investimentos nas estatais: a privatização a qualquer custo. Deixam de investir para sucatear o patrimônio público e assim vender mais barato”, critica a professora sênior da Faculdade de Economia da USP, Leda Paulini, que também é professora visitante da UFABC.

“Esse governo golpista e ilegítimo não vê nenhum papel para o Estado. Eles querem um programa liberal privatista, que começou na era FHC, foi freado nos governos de Lula e Dilma, do PT, e agora é retomado depois do golpe”.

Para a professora, Temer e seus ministros nunca leram um livro de história na vida, senão saberiam o que gera desenvolvimento econômico.

“Não é possível que eles não saibam que os períodos em que o Brasil mais se desenvolveu foram nos períodos em que houve mais investimentos públicos”, diz Paulini.

A coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal (CEF), Rita Serrano, concorda e lembra que, nos governos Lula e Dilma as estatais foram utilizadas para promover o desenvolvimento do país.

Segundo ela, a Caixa se tornou a maior financiadora de habitação e os bancos do Brasil e do Nordeste foram os maiores fomentadores da agricultura, da pequena e da grande indústria.

“Com a política de desmonte, a Caixa já não é a líder de financiamento habitacional e o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ foi drasticamente reduzido”, diz Rita.

De acordo com a dirigente, com menos financiamentos, as construtoras demitiram, o nível de emprego caiu em toda a cadeia produtiva, a economia desaqueceu e a população ainda teve de dar adeus ao sonho da casa própria.

Rita lembra, ainda que, o BNDES está totalmente descapitalizado com a retirada de R$ 110 bilhões do orçamento, o que acabou com a capacidade do banco de financiar pequenas e grandes indústrias. E com as taxas de juros proibitivas para os empresários nacionais, a maioria desiste de investir na capacidade produtiva do seu próprio negócio e parte pra especulação financeira.

“Quem incentiva o desenvolvimento são as empresas públicas e quando não há esse investimento, entra-se no ciclo vicioso porque as empresas privadas (que não são as grandes multinacionais) não têm capacidade de investimento”, diz Rita.

“O Brasil perde patrimônio, empregos e divisas, pois as grandes multinacionais mandam o lucro para o exterior e não investem aqui. Ao privatizar, o governo também perde instrumentos de investimentos”.

Para Rita Serrano, os números do desinvestimento da era Temer demonstram as consequências do golpe.

“Quando Temer assumiu os movimentos e entidades sindicais ‘gritaram’ que o golpe era contra o país e não contra Dilma e muita gente não acreditou. Temer assumiu o governo comprometido com as multinacionais, o grande capital privado”, diz.

Crise não justifica redução de investimentos

A professora de economia da USP Leda Paulini repudia a análise de alguns economistas que veem na crise econômica motivo para diminuir os investimentos públicos.

“O que vemos não é apenas uma redução no valor total dos investimentos e, sim, uma redução no percentual do PIB. Por exemplo, em 2010, no governo Lula, foram investidos 2,1% do PIB (R$ 18,8 bi). Com Temer, apenas 0,6% (R$ 9,8 bi) – quase a metade do índice do PIB e de valores absolutos”, explica a professora.

“É uma política de entrega e redução do poder do Estado em termos de soberania nacional”, diz.

Rita Serrano complementa dizendo que desmantelar estatais não diminui os custos do Estado. Na realidade, privilegia os bancos porque o governo acaba pagando os juros da dívida interna para quem financiou o golpe que é o grande capital internacional.

Desinvestimento na Petrobras

No governo Temer, a Petrobras recebeu o menor investimento nos últimos 19 anos: R$ 8,6 bilhões no primeiro trimestre deste ano.

“Quem ganha é o capital privado e as grandes multinacionais como a Shell, que compram o patrimônio público brasileiro e determinam as regras do jogo”, diz Rita.

Já para Leda Paulini, a Petrobras tinha um efeito multiplicador muito grande, “era responsável sozinha por mais de 10% do investimento do país, antes do golpe, porque ela mobiliza outros setores como a indústria naval e toda uma cadeia de produção de petróleo e gás. Privatizá-la será uma perda gigante”.

Eletrobras

A Eletrobras recebeu 5,2% do total dos investimentos – R$ 518 milhões – este ano.

Para Felipe Chaves, engenheiro de Furnas e diretor da Associação dos Empregados de Furnas (Asef), esses índices não são nenhuma surpresa tendo em vista que o atual governo tem trabalhado para que as estatais percam relevância e possam ter seus ativos vendidos e sejam privatizadas.

“Com as taxas de juros mais baixas é um bom momento para voltar a investir na empresa. Mas sabemos que a ordem vem de cima, dos ministérios, que não permitem que a empresa volte a crescer. Bastaria ter uma boa gestão com alguém responsável, mas o governo prefere acabar com as estatais”, diz Felipe.

Para a coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, só há uma solução à vista para reverter essa situação desastrosa.

“Somente com eleição presidencial teremos condições de reverter num curto prazo essa situação caótica e colocar o país novamente nos rumos do desenvolvimento“, acredita Rita.

Confira os investimentos das estatais federais a cada primeiro trimestre (valores em reais sem correção)

2000: 0,5% do PIB (R$ 1,5 bi)

2001: 0,7% do PIB (R$ 2,2 bi)

2002: 1% do PIB (R$ 3,4 bi)

2003: 0,9% do PIB (R$ 3,8 bi)

2004: 0,9% do PIB (R$ 4 bi)

2005: 1% do PIB (R$ 5 bi)

2006: 1% do PIB (R$ 6 bi)

2007: 1,3% do PIB (R$ 8,1 bi)

2008: 1,4% do PIB (R$ 9,8 bi)

2009: 1,8% do PIB (R$ 13,9 bi)

2010: 2,1% do PIB (R$ 18,8 bi)

2011: 1,6% do PIB (R$ 16,7 bi)

2012: 1,7% do PIB (R$ 19,6 bi)

2013: 1,7% do PIB (R$ 21,2 bi)

2014: 1,6% do PIB (R$ 21,7 bi)

2015: 1,3% do PIB (R$ 18,6 bi)

2016: 1% do PIB (R$ 15 bi)

2017: 0,7% do PIB (R$ 11,2 bi)

2018: 0,6% do PIB (R$ 9,8 bi)

Por CUT