Após o encerramento da greve de fome, na tarde deste sábado (25), os sete militantes de movimentos populares que participaram do protesto e as organizações envolvidas na mobilização destacaram a continuidade da luta social no Brasil.
Em uma avaliação coletiva, segmentos populares e parceiros consideram que a greve é ponto de partida para uma intensificação das reivindicações colocadas atualmente pelo campo popular no Brasil.
Para o secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Leonardo Steiner, que apoiou a greve desde o princípio, o protesto se converteu em símbolo de resistência e solidariedade.
“O jejum deve levar sempre a percepção de causas, de transformação. E, certamente, ele se transformou. Abriu um horizonte e, ao mesmo tempo, também acho que muitas pessoas que ficaram sabendo dele, perceberam o seu valor”, afirmou, em entrevista ao Brasil de Fato.
E a resistência dos militantes da greve é o elemento que dá a largada de uma maior mobilização nacional. É o que afirma o grevista Jaime Amorim, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
Ele ressalta que os movimentos seguirão nas ruas, batalhando pela representatividade popular nas eleições deste ano e pelo direito de participação do ex-presidente Lula no pleito.
“Nós saímos da greve pra um outro patamar da luta, a luta tática, agora a curto prazo, que é ir pra rua mobilizar e garantir a liberdade de Lula”, completou.
Reformas
O dirigente também destaca que o campo popular irá lutar pela implementação de ações estruturais no Brasil no próximo mandato presidencial. Entre elas, ele menciona as reformas agrária, urbana e tributária.
Com uma maior aglutinação de forças após a greve de fome, Amorim projeta o crescimento da Frente Brasil Popular (FBP), que reúne diferentes movimentos e organizações.
“Surgiu uma nova militância neste país, uma militância sem vícios, preparada efetivamente pros próximos combates. Nós vamos convocar o povo brasileiro para um grande combate, um bom combate contra o golpe e pela democracia”, acredita.
Luta feminista
Para o campo popular, o horizonte de luta também se faz a partir de uma perspectiva feminista. No contexto da greve de fome, o símbolo dessa resistência vem das militantes Zonália Ferreira, do MST, e Rafaela Alves, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), as duas mulheres do grupo de grevistas.
Para a integrante do MPA, a experiência de participar do protesto está relacionada, entre outras coisas, a um caminho que deve ser traçado em parceria com outras mulheres.
“Conseguir se colocar é sempre algo que nos deixa contentes, mas entendendo que essa é a nossa tarefa, de ensinar outras mulheres também a se colocarem. Eu acredito demais na luta das mulheres”, afirma Rafaela.
Para Zonália Ferreira, essa trajetória precisa estar inserida no contexto da luta por igualdade em todas as frentes.
“Nós falamos muito no socialismo, mas, sem a participação da mulher, ele não é completo. Então, nós temos essa tarefa”, afirma.
Por Brasil de Fato