Todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal, tiveram paralisações e manifestações nesta sexta feira (30) de Greve Geral, contra o desmonte de direitos promovido pelo governo golpista de Michel Temer, exigindo o fim da tramitação da reforma da Previdência e trabalhista, além de eleições Diretas Já.
Os principais atos ocorreram no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Salvador. Na capital baiana, e também em Belém, Recife, Goiânia e Brasília, os ônibus não saíram das garagens e as cidades ficaram desertas até o meio da manhã. Portuários de Rio Grande (RS), Angra dos Reis (RJ), Rio de Janeiro capital, São Luís, no Maranhão, também aderiram ao movimento.
Na cidade de São Paulo, manifestantes interditaram vias e rodovias da região desde cedo – Anchieta e Régis Bittencourt foram afetadas. Acessos aos aeroportos de Congonhas, na Zona Sul, e de Cumbica, em Guarulhos, foram bloqueados, e manifestantes chegaram a entrar no saguão de Congonhas. A unidade da Sabesp em Guarapiranga também paralisou as atividades desde às 5h.
Ao final do dia, mais de 40 mil pessoas fecharam a Avenida Paulista, coração da cidade, com bandeiras e faixas exigindo a saída do golpista Michel Temer. O ato se concentrou a partir das 16h e pelas 18h seguiu em marcha até o centro da cidade. Parte dos manifestante seguiu até a prefeitura, para um ato contra o João Dória (PSDB), mas foram reprimidos pela polícia, que prendeu uma jovem sem motivo aparente e disparou três bombas de efeito moral, dispersando os manifestantes.
Participaram do ato diversas entidades, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), a Intersindical, a Central de Movimentos Populares (CMP), Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Simpro), entre outros.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que os parlamentares estão receosos de apoiar as reformas do governo golpista de Michel Temer, em decorrência da presença constante de manifestantes nas ruas, lutando pela preservação dos seus direitos.
“Os senadores estão morrendo de medo de vocês. Vocês [manifestantes] são muito fortes. Eles iam votar dia 6 e adiaram, eles estão com medo. Isso está acontecendo porque a gente não deixa esfriar, todo dia tem ato no Brasil. A greve foi forte no Brasil inteiro e mostrou a força da classe trabalhadora”.
Ainda de acordo com Freitas, o desafio agora é aumentar a pressão sobre senadores para derrotar definitivamente a Reforma Trabalhista. “Estamos enfrentando um dos maiores golpes dos últimos 20 anos. Estamos resistindo com força, garra e luta. Já convoco aqui, vamos para Brasília no dia da votação.”
O coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, afirmou que o dia de luta foi muito vitorioso. “Greves importantes, bloqueios importantes, paralisações importantes. MTST fechou os dois aeroportos de São Paulo e mobilizações nas grandes cidades”.
“Hoje o judiciário devolveu o mandato do Aécio e soltou o Rocha Loures. Os dois casos tem provas contundentes de sobra contra eles. Isso leva a uma suspeita forte de que tipo de operação está sendo gestada. Quer dizer, o Lula sem provas pode ser condenado a qualquer momento pelo Sérgio Moro e o Rocha Loures filmado com uma mala de dinheiro está solto, e o Aécio dizendo que tinha que matar o outro voltou a ser senador. Isso é preocupante”.
No Rio de Janeiro manifestantes fecharam a Linha Vermelha, a saída para a Avenida Brasil da Ponte Rio-Niterói, a própria Avenida Brasil e o acesso ao aeroporto do Galeão. Houve uma manifestação no saguão do aeroporto Santos Dumont. A cidade entrou em estágio de atenção por causa dos protestos e do trânsito acima do previsto.
Uma grande manifestação ocorreu no centro da cidade, reunindo cerca de 15 mil pessoas, mas terminou com repressão policial. Os manifestantes se reuniram por volta das 17h na Candelária e seguiram em passeata em direção à Central do Brasil, no centro da capital fluminense. Em torno das 20h, quando o protesto já dispersava, a polícia militar começou a jogar bombas de efeito moral e a utilizar spray de pimenta.
Em Salvador, motoristas pararam os ônibus em fila na Avenida ACM por volta das 6h30. Em outros locais da cidade, os ônibus circulam normalmente. A estação de trens do Subúrbio de Salvador também ficou fechada. Na região metropolitana, manifestantes bloquearam o cruzamento da região de Mataripe, em Madre de Deus, por volta das 5h.
Na capital baiana, o ato realizado na Praça do Campo Grande reuniu 50 mil pessoas.
Em Curitiba, os metalúrgicos das empresas Ranault, Brafer, Volvo, CNH e Whb ficaram de braços cruzados desde as primeiras horas da manhã. Eles fizeram um pequeno ato e chegaram a bloquear por alguns minutos a marginal da Avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Outros categorias, como professores e bancários, também aderiram à greve.
No centro da cidade, em uma área conhecida como Boca Maldita, o ato começou às 10h, reunindo cerca de 3 mil pessoas, em protesto contra a proposta de reforma trabalhista e da previdência. No Paraná, foram registradas mobilizações em ao menos 10 cidades.
Advogados trabalhistas, servidores, juízes e procuradores saíram em marcha do Fórum da Justiça do Trabalho em direção a Boca Maldita. Cerca de 50 pessoas participaram da caminhada. De acordo com a advogada trabalhista e de direitos humanos, Ivete Caribé, um dos motivos da mobilização é a atual falta de “garantias democráticas e o atual estado de exceção em que estamos vivendo”.
Atos pelo Brasil
Em Rio Branco, no Acre, os trabalhadores protestaram no Palácio Rio Branco e caminharam até o terminal urbano de ônibus. Em Maceió (AL), manifestantes fecharam os dois sentidos da Avenida Fernandes Lima, em Maceió. Também houve bloqueio na Avenida Assis Chateaubriand, no Pontal da Barra. Na cidade, os rodoviários paralisam as atividades entre as 8h e 12h. Servidores da Eletrobras e da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) também aderiram à paralisação.
No Amapá os trabalhadores fazem ato contra reformas no Centro de Macapá desde as 8h. Os coletivos fizeram uma paralisação de duas horas, das 6h às 8h. Entre as categorias que decidiram entrar em greve, estavam os bancários, dos servidores públicos em educação, dos servidores públicos federais civis e dos serventuários da Justiça.
Em Manaus, Amazonas, manifestantes fizeram uma passeata no Centro de Manaus entre as 9h30 e 11h30. O grupo percorreu as avenidas Ferreira Pena, Leonardo Malcher, Epaminondas e 7 de Setembro. O trânsito ficou parcialmente bloqueado nessas vias.
No Ceará, protestos fecharam vias de Fortaleza e servidores do Sindicato de Trabalhadores Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro) pararam cerca de 15 ônibus e esvaziaram os pneus dos coletivos. Bancários aderiram à paralisação. Ocorreu manifestação a partir das 9h, na Praça da Bandeira, no Centro de Fortaleza.
O Distrito Federal amanheceu com estações do metrô fechadas. Os ônibus de todas as empresas também permaneceram nas garagens. Bancários, professores e servidores da Universidade de Brasília aderiram à paralisação.
No Espírito Santo, manifestantes bloquearam uma via em frente à Rodoviária de Vitória, e houve confronto com a Polícia Militar, que usou bombas de efeito moral. O grupo seguiu em passeata pela cidade, até a região do aeroporto. No campus Goiabeiras da Ufes, estudantes, docentes e técnicos-administrativos bloqueiam as entradas de carros.
Houve paralisação do transporte público em Goiânia, Goiás. Manifestantes bloquearam a saída de ônibus de uma garagem durante a madrugada e o início da manhã. Devido aos protestos previstos para o centro da capital goiana, algumas rotas foram alteradas, e nenhuma linha está atendendo a região.
No Maranhão, grupos bloquearam os quatro portões de acesso ao Porto do Itaqui, em São Luís, e que é um dos principais entrepostos comerciais do estado. Nem a Polícia Militar, nem a organização do protesto divulgaram o número de manifestantes. Categorias como as dos bancários, professores da rede pública estadual, vigilantes, petroleiros, motoristas e cobradores de ônibus, metalúrgicos cruzam braços.
Ainda foram registrados atos em Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
Da Redação da Agência PT de notícias