O Grupo de Puebla, organização criada por ex-presidentes de países da América Latina e destacados líderes políticos íbero-americanos, cobrou a renúncia do secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro. A pressão é para que ele deixe imediatamente o cargo, depois de ser desmoralizado pelo resultado das eleições na Bolívia, no último domingo, 18, que elegeram o economista Luis Lucho Arce, candidato do Movimento ao Socialismo (MAS), presidente da República no primeiro turno.
Em nota assinada pelos ex-chefes de Estado Dilma Rousseff (Brasil), Ernesto Samper (Colômbia), Rafael Correa (Equador), José Luis Zapatero (Espanha) e Fernando Lugo (Paraguai), entre outros líderes de destaque no continente, como os ex-ministros Fernando Haddad e Celso Amorim, o Grupo de Puebla destacou o envolvimento da OEA no golpe que destituiu o presidente Evo Morales do cargo nas eleições presidenciais de 2019.
“Diante das evidências, fica claro que a liderança regional do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, está seriamente questionada”, afirmam os ex-presidentes na nota, distribuída à imprensa latino-americana. “O papel que desempenhou na desestabilização democrática da Bolívia e as relações exclusivas que mantém com outros países da região impossibilitam que continue exercendo o papel de mediador e facilitador democrático que deveria desempenhar à frente de tão importante posição”.
De acordo com o comunicado, a saída de Almagro ajudará a restaurar a paz na região e reativar a integração regional que tem faltado em tempos de pandemia. “Os resultados da recente eleição confirmaram de forma confiável o que vários estudos de centros de investigações internacionais indicaram nos últimos meses: não houve fraude nas eleições de outubro de 2019”, diz a nota. “Evo Morales deveria ter sido empossado como legítimo presidente da Bolívia se a OEA, na qualidade de observador, não tivesse ignorado essas eleições”.
Eis a íntegra da nota, publicada originalmente no site do Grupo de Puebla:
“Os resultados da recente eleição na Bolívia, com um triunfo retumbante da opção MAS-IPSP, liderada por Luis Arce, com mais de 20% de diferença com o candidato Carlos Mesa, confirmaram de forma confiável o que vários estudos de centros de investigações internacionais indicaram nos últimos meses: não houve fraude nas eleições de outubro de 2019. E Evo Morales deveria ter sido empossado como legítimo presidente da Bolívia se a OEA, na qualidade de observador, não tivesse ignorado essas eleições.
Além disso, o questionamento eleitoral da OEA desencadeou uma situação de violência política e social, que culminou em um golpe e na consequente renúncia do presidente Evo Morales, que assim preservou a paz social e salvou sua vida, com o apoio do Grupo de Puebla, indo para o exílio no México e depois na Argentina.
Além disso, na primeira análise dos resultados nas seções eleitorais apontados pela OEA, como exemplos de fraudes nas últimas eleições, se ratifica o triunfo do MAS-IPSP, ainda que desta vez com um percentual superior ao de outubro passado .
Diante dessas evidências, fica claro que a liderança regional do Secretário-Geral da OEA, Luis Almagro, está seriamente questionada. O papel que desempenhou na desestabilização democrática da Bolívia e as relações exclusivas que mantém com outros países da região impossibilitam que continue exercendo o papel de mediador e facilitador democrático que deveria desempenhar à frente de tão importante posição. Sua saída ajudará a restaurar a paz na região e reativar a integração regional que tem faltado em tempos de pandemia”.
Dilma Rousseff
Ernesto Samper
Rafael Correa
José Luis Zapatero
Fernando Lugo
Hugo Martínez
Mónica Xavier
Clara López
Gabriela Rivadeneira
Aída García Naranjo
Iván Cepeda
Carlos Sotelo
Karol Cariola
Fernando Haddad
Esperanza Martínez
Celso Amorim
Ricardo Patiño
Ana Isabel Prera
Alejandro Navarro
Veronika Mendoza
Jorge Adriana
Carlos Ominamiiana
Salvatierra
Marco Enriquez-Ominami
Camilo Lagos