A abertura a empresas estrangeiras do mercado de compras governamentais — responsável, em média por 12% do Produto Interno Bruto — consolida o desmonte promovido pela Lava Jato na engenharia nacional.
A avaliação é da ex-presidenta Dilma Rousseff, que para um desastre econômico anunciado. “O governo abre mão de ter uma política de compras públicas que leve em conta os brasileiros. A concorrência estrangeira pode estrangular diversos setores empresariais”.
A abertura à participação de empresas estrangeiras no fornecimento de itens ao governo brasileiro foi anunciada na última terça-feira (21) pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que foi a Davos, na Suíça, representar o governo brasileiro no Fórum Econômico Mundial.
Bolsonaro não foi ao Fórum de Davos este ano, mas o seu ministro da Economia representou muito bem o chefe no quesito falar asneiras. As declarações de Guedes são muito preocupantes, principalmente as de abrir as nossas licitações públicas a estrangeiros – em detrimento da indústria nacional. Além disso, ele prometeu congelar os salários do funcionalismo público e paralisar a contratação de servidores por concurso. Com isso, o Estado ficará mais sucateado, e quem vai perder é a população.
Estudo do IPEA evidencia
Um documento do Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado no ano passado dá a dimensão do mercado de compras governamentais na economia do País. Entre 2006 e 2016, a média anual da contribuição do setor para o Produto Interno Bruto “nunca esteve abaixo de dois dígitos” alcançando a média de 12,5% do PIB no período”, apontam os pesquisadores Cássio Garcia Ribeiro e Edmundo Inácio Júnior, responsáveis pelo estudo.
A compras da União representaram a maior fatia desse setor no período — em média, cerca de 50% do mercado de compras governamentais brasileiro.
Metade desse volume era de compras da Petrobras, que durante os governos Lula e Dilma adotou uma política de conteúdo nacional em suas aquisições, resultando no grande boom da produção brasileira voltada para a cadeia de óleo e gás — indústria sofisticada, que gera empregos qualificados, formais e com remunerações mais elevadas.
Em uma economia estagnada e 12,6 milhões de desempregados, as compras realizadas pelos governos têm um papel fundamental. “A política de compras governamentais poderia assumir um importante papel na recuperação da economia do país, pelo seu enorme potencial anticíclico”, alertam os pesquisadores do Ipea.
Por decisão de Bolsonaro e Paulo Guedes, porém, as compras que o governo precisa fazer agora poderão gerar empregos no exterior.
Por PT no Senado