Ao lado de Bolsonaro, com sapatos e sem máscara, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deu o ar da graça nas aparições matutinas do presidente da República. Ignorando a realidade, e com a desfaçatez de sempre, anunciou que “o Brasil vai surpreender o mundo, como já ocorreu no ano passado”. Para Guedes, o Brasil “está no caminho da prosperidade”.
A alienação de Guedes também se manifestou na ausência de explicações sobre o atraso do pagamento da quarentena e do financiamento para as micro e pequenas empresas. Nesta segunda-feira, as filas nas portas das agência da Caixa Econômica Federal voltaram a promover aglomerações nas ruas do país.
A aparição de Guedes tem por objetivo tentar desmentir especulações sobre uma possível demissão do ministro da Economia. O anúncio do Plano Pró-Brasil, de perfil “desenvolvimentista”, teria colocado em conflito o neoliberalismo de Guedes com a iniciativa do grupo do general Braga Neto.
Em sua fala, Guedes reafirmou a defesa da manutenção do “teto de gastos” e defendeu a necessidade de “novos sacrifícios”, citando o congelamento dos salários dos servidores públicos. “Não podemos fazer um Plano Nacional de Desenvolvimento porque nossa direção é outra”, cutucou Guedes, reafirmando o compromisso com o sistema financeiro.
“O mundo inteiro olha para o Brasil, entendendo que ele está virando um país melhor‘, delirou o ministro. Guedes tenta vender a fake news de que a economia estava “pronta” para decolar, mas foi a abalroada pela pandemia. No entanto, os indicadores econômicos do último trimestre de 2019 já mostravam o contrário. A recessão atingia 41% das empresas, os serviços estavam em queda e o desemprego em alta.
A sinalização de investimentos que o mundo está dando, no entanto, é no sentido contrário do que fala Guedes. Na semana passada, por exemplo, a Boeing rompeu o contrato com a Embraer, frustrando a expectativa do governo.