O governo anunciou nesta sexta-feira, 5, a redução de 10% nas tarifas de importação de quase 90% dos produtos e serviços usados no país. A decisão antecipou um eventual consenso sobre a medida a ser negociado entre os membros do Mercosul (Mercado Comum do Sul). Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, facilitar a entrada de bens estrangeiros ajudará a moderar a inflação. Sem enfrentar a pandemia como deveria, o governo se aproveitou de uma cláusula que permite a redução do imposto de importação para defesa da vida e da saúde.
Diferente do que afirma, o ministro Guedes está usando a fome do povo, por conta da inflação de alimentos, para aprofundar seu neoliberalismo de balcão goela abaixo do país. “O momento atual, em que temos uma pressão inflacionária forte na economia brasileira e gostaríamos de dar um choque de oferta [ao] facilitar a entrada de importações para dar moderação nos reajustes de preços, é ideal para fazer uma abertura, ainda que tímida, da economia”, afirmou Guedes em evento da CNC (Confederação Nacional do Comércio) nesta sexta, segundo matéria da Folha de S. Paulo.
“Haverá pouco impacto sobre preços, já que as pressões inflacionárias são puxadas pela política de preços da Petrobras, pela energia e por alimentos, que não são sensíveis à redução das tarifas de importação”, adverte o economista Bruno Moretti, da liderança do PT no Senado Federal. Além disso, alerta o economista, a medida “poderá gerar mais prejuízos à indústria e, portanto, ao emprego”. Nesta semana, atualização dos dados do Caged mostrou que Guedes mentiu sobre a geração de empregos, reduzindo pela metade os números divulgados por ele.
Diante da falta de política para o setor e de um final de ano com a produção em retração, a medida anunciada ameaça a produção industrial com nova queda no quatro trimestre. Em setembro, a produção industrial registrou queda de 0,4% em relação a agosto, a sétima ao longo dos primeiros nove meses do ano, e quarta consecutiva. A indústria encerrou o terceiro trimestre com recuo de 1,7% da produção, comparado aos três meses anteriores. Houve perdas nos três primeiros trimestres de 2021. De agosto para setembro, houve taxas negativas em três das quatro categorias econômicas.
Definitivamente, apesar da tentativa oficial e de setores da mídia de confundir a população, o que determina a inflação é o “gatilho” da elevação dos preços dos combustíveis. O alinhamento dos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha aos preços internacionais – dólar e preço do barril – é a principal causa da inflação, que o governo insiste em manter. Outra medida que afeta a produção e o custos finais dos produtos é a tarifa de energia, que o governo deixou explodir por incompetência na gestão dos recursos hídricos.
Da Redação