O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), foi entrevistado pelo programa de rádio da ‘Joven Pan’, Pânico no Rádio, nesta terça-feira (26). Entre os temas debatidos, o petista falou de suas ações a frente da prefeitura da maior cidade do Brasil, como a melhoria da mobilidade pública, a criação de 100 mil vagas de creches e pré-escolas e a iluminação da capital paulista com LED.
O impeachment da presidenta Dilma Russseff também entrou na pauta da entrevista. Segundo Haddad, o processo de impeachment é um “casuísmo”.
“Por que eu chamo assim? Eu não vejo condição de aplicar a regra jurídica que estão aplicando para a questão da contabilidade fiscal do governo federal aos governos estaduais. Se forem fazer a mesma regra no plano estadual, muito governador eleito teria que sair”, afirmou.
Para ele, Dilma não pode ser impedida pela alegação que estão fazendo. “O impeachment pode ser feito contra qualquer presidente, está previsto na Constituição, mas ele tem uma base legal. E a base legal desse processo é frágil. A base da decisão é frágil”, apontou.
Mobilidade
Grande parte da entrevista foi dedicada às ações implantadas por Haddad para a melhoria da mobilidade. Para o prefeito, privilegiar o transporte individual não motorizado não deve ser entendido como uma crítica a quem usa carro.
“Isso não é uma crítica a quem usa carro. Você oferecer alternativa é uma obrigação legal. Não tenho nada contra carro. O que não dá é ver um ônibus no congestionamento. Isso não dá. Não dá para ver o número de mortes de ciclistas que nós tínhamos até dois anos atrás, hoje não temos mais, caiu 34% o número de mortes de ciclistas”, afirmou.
“Eu não tenho nada contra a pessoa ter um automóvel. Só quero oferecer alternativas para a pessoa que queira deixar o automóvel em casa possa fazê-lo”, afirmou. Ele diz que em “países desenvolvidos”, o carro não é utilizado na rotina das pessoas, pois foi criada uma rede alternativa. “Quando você não tem alternativa, você piora a longo prazo”.
Segundo Haddad, o atual “paradigma mundial sobre mobilidade” coloca o pedestre em primeiro lugar. “Segundo lugar o ciclista, em terceiro lugar o transporte coletivo, em quarto lugar o transporte de cargas, e em quinto lugar o transporte individual motorizado. Isso é o que diz a lei. E a nossa lei está em sintonia com o que tem de mais avançado no mundo”, garantiu.
O petista lembrou que a prefeitura de São Paulo não perdeu nenhuma ação judicial contra as mudanças na mobilidade urbana da cidade e que a própria Organização Mundial da Saúde, que é da ONU, recomenda a redução de velocidade nas metrópoles com níveis alarmantes de morte no trânsito, como São Paulo.
“Nós vamos entregar 500km novos de faixas e corredores exclusivos para ônibus. Estou entregando mais de 600 mil metros quadrados de calçadas novas na cidade, uma iniciativa pioneira, porque calçada é atribuição do proprietário, nós estamos fazendo calçadas na periferia inteira que não tinha calçada, ciclovia, faixa exclusiva de ônibus. Com essas mudanças, o desperdício de tempo no trânsito de São Paulo, medição feita por uma empresa holandesa de GPS, caiu de 38% para 29%”, enumerou.
Na avaliação do prefeito, quando se acredita e tem a confiança de que o futuro vai lhe dar razão, “a questão da aprovação ou reprovação momentânea não é tão importante quanto o legado que vai ser deixado”.
“O próximo prefeito vai ter a oportunidade, se não for eu, de desfazer tudo isso, e a gente vai ver se a cidade vai melhorar ou piorar, aumentando a velocidade das ruas, tirando ciclovia, tirando faixa de ônibus, como vários já disseram que vão tirar a faixa de ônibus. Nós vamos ver o que vai acontecer”, disse.
“É um direito democrático das pessoas. Eu não tenho nenhum problema que as pessoas defendam ideias e ganhem eleição. Podem ser ideias diferentes das minhas, opostas às minhas. A cidade vai julgar no futuro, se for conveniente ou não o que fizeram. Podem desmontar o que foi feito e vamos ver se a cidade melhora”, completou o petista.
LEDs
Fernando Haddad falou, também, da ação de sua gestão em usar iluminação por LED pela cidade. “Eu estou colocando LED em toda a periferia de São Paulo. Mais ou menos 20% da cidade vai estar em LED até o final do meu mandato e eu assino contrato esse ano ainda para que toda a cidade seja iluminada em LED”, enfatizou.
Para ele, a iluminação por LED é importante não apenas pela questão da segurança. “Estamos falando em economia de energia, mas nós estamos falando também de dar para as pessoas a oportunidade de caminhar sem os perigos de uma rua mal iluminada. Se você visitar hoje Lajeado, Brasilândia, Heliópolis, você vai conhecer os primeiros bairros inteiramente em LED da cidade. Como o trabalhador dessas localidades sai de madrugada e chega à noite, se ele não tiver uma rua adequadamente iluminada, ele vai preferir usar o carro ao transporte público. Mas se você iluminar, dando sobretudo para as mulheres a condição de segurança, ela vai repensar”, ponderou Haddad.
MEC
A gestão de Haddad à frente do Ministério da Educação, de julho de 2005 até janeiro de 2012, também foi lembrada na entrevista. Ele disse que tem muito orgulho do que fez quando foi ministro da Educação.
“O Enem é um sucesso mundial. É um passaporte dos jovens para a universidade. Eu dobrei o número de vagas nas universidades federais, eu criei o maior programa de bolsas da história do Brasil que é o ProUni, eu criei o maior financiamento estudantil da história do Brasil que é o FIES, eu abri o maior número de escolas técnicas da história da educação, eu fiz a reforma do sistema S, eu criei o Fundeb, eu criei o piso nacional do magistério, eu criei o Ideb que avalia 60 mil escolas a cada dois anos, eu cumpri todas as metas de qualidade”
Partido dos Trabalhadores
Haddad também fez a defesa do Partido dos Trabalhadores. Para ele, o PT é um partido importante para a história do Brasil.
“O PT tem 1,5 milhão de filiados e um conjunto expressivo de militantes muito aguerridos pela causa social. Tem gente em todos os bairros que organizam associações, sindicatos, ONGs. Você atribuir a uma agremiação um erro que pode ter sido cometido por uma, duas, três, dez pessoas, eu não acho correto. A ética é um atributo individual, mas é um bem coletivo. Da mesma maneira eu não acho que a gente pode atribuir ética ou a falta dela a toda uma agremiação. Você tem pessoas que se equivocam em várias organizações”, ponderou.
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias