“Queriam um Brasil parecido com Miami, mas com uma senzala à disposição deles. Mas não, a gente não quer mais um Brasil com Casa Grande e Senzala”. No ato na noite desta sexta-feira (14) na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, Fernando Haddad, candidato à Presidência da República pela coligação “O Povo Feliz de Novo” defendeu que o projeto para o país precisa incluir todos os brasileiros e brasileiras. E aproveitou para atacar os privilégios que a elite quer manter às custas da população mais pobre e vulnerável.
Para Haddad, “eles começaram a se incomodar com o projeto generoso de expansão dos direitos para todos, para inclusão dos pobres, das comunidades em geral, de direitos iguais para a comunidade LGBTI+ – de todo mundo ter os mesmos direitos, enfim”, que os governos de Lula e Dilma representaram, e passaram a prejudicar o país a partir de 2014 em nome de interesses próprios.
“Mas eu acho que eles mexeram com o cara errado, mexeram com o partido errado, mexeram com o povo errado”. Para Haddad, tudo o que foi feito, do golpe contra Dilma à impugnação da candidatura de Lula, passando pela prisão arbitrária do ex-presidente, se traduz em um “erro histórico, grave, contra a democracia e contra a soberania popular”. O petista disse que nota, cada vez mais, um sentimento de que o povo acordou: “Está sobrando consciência histórica. Eles vão acabar se dando mal, porque tudo que planejaram de maldade, está dando errado”.
O candidato de Lula lembrou que, nesta semana, o ex-presidente do PSDB, Tasso Jereissatti, admitiu que seu partido errou, que votaram contra os princípios tucanos parar tirar o PT do poder – e que acabaram por sabotar o país.
Haddad destacou que, desde que Lula foi preso, em abril deste ano, cresceu 15% nas pesquisas de intenção de voto. “Todos sabemos que Lula seria eleito no primeiro turno. Seria a primeira vez entre todas as vezes que chegamos à presidência. E isso depois de tudo que passamos”.
A candidata à vice-presidência, Manuela d’Ávila, afirmou no ato que essa “é a eleição mais importante das nossas vidas” e que a população decidirá se pretende recolocar o Brasil nas mãos do seu povo, num projeto que revogue a reforma trabalhista, que busque oportunidades e direitos para todos e todas – ou se deixará o país na mão de quem acredita que é possível desenvolver o país deixando o povo mais pobre à deriva. Manuela fez questão de ressaltar que o projeto que constrói a exclusão trabalha, também, pelo extermínio da juventude negra.
Haddad dividiu com os presentes ao ato um pouco das conversas que teve com Lula nas últimas semanas, dizendo que, a partir do momento que sua candidatura foi vetada pela Justiça, “Lula resolveu entrar em campo com o time dele. Que somos nós. Mesmo preso, o Lula encarna uma ideia, um projeto, um time”. Haddad disse que todos ali formam um time em torno de Lula, e o time vai entrar em campo com uma nova escalação. “A gente queria Lula e Manu, mas eu estou aqui, entrei para ajudar. Entrei para ajudar porque acredito no que o Lula representa”.
Pesquisas e militância
“Em três dias de campanha, a gente chegou ao segundo lugar. Faz 72 horas que a nossa chapa foi oficializada e já chegamos ao segundo lugar”, destacou o candidato a presidente. Para ele, isso tem uma explicação: “Não é a Manuela e o Haddad que estão na chapa, são 40 anos de militância para mudar o país. São milhões que não aceitam mais a escravidão”.
Haddad acrescentou que o Brasil ainda guarda muitos resquícios da escravidão: na fome, na violência, na pobreza, na exclusão, mas que a maior parte do país já decidiu dar um basta a isso. “Começamos a construir uma outra história, um outro país, mas a gente sabe que isso começou a incomodar muita gente. Com os pobres nos aeroportos, com os negros na UFRJ”. Para ele, a elite que se incomodou com isso não quis aceitar que era possível um Brasil em que todo mundo ganhava.
Haddad sabe que a transformação do país e a recuperação desse ciclo virtuoso exigirá muito trabalho, pois “o que eles fizeram com o Brasil não foi brincadeira. Mas nós vamos fazer o que precisa ser feito porque nós amamos esse país, nós acreditamos muito nele. E a partir de 1.o de janeiro de 2019 vamos retomar o Brasil para todos e todas. Lula Livre!”.
Rio de Janeiro e Brasil
Manuela enfatizou para os presentes ao ato a importância das próximas três semanas – e a importância do Rio de Janeiro para o país. “Vocês sabem muito bem o impacto da crise do governo Temer para o Rio. Vocês sabem que o Brasil inteiro olha para o Rio de Janeiro. Que o povo olha para cá, e todo mundo pensa ‘se o Rio está em crise, imagina como está o resto do Brasil?”.
A candidata à vice-presidência pela chapa do PT, PCdoB e Pros afirmou a missão “de colocar essa campanha na rua mais forte do que nunca. A gente cresceu 1 ponto por dia nas pesquisas. Nas próximas três semanas, essa é a nossa missão. Transformar a indignação em campanha na rua”.
Manuela concluiu dizendo que “eles acharam que iam acabar conosco. Mas eles não conseguem acabar com o que construímos em 12 anos. Eles prenderam o Lula e só aumentaram nossa indignação. Vamos seguir lutando, acreditando no Brasil Feliz de Novo”.
Fazendo linha direta com a entrevista de Haddad ao Jornal Nacional e à postura dos entrevistadores, Lindbergh Farias, candidato à reeleição para o Senado pelo PT-RJ, afirmou: “quero estar no Senado para enfrentar esse monopólio da Rede Globo e promover a democratização das comunicações no país”.
A candidata petista ao governo do Estado, Marcia Tiburi, afirmou aos participantes do ato: “estou com vocês contra essa elite do atraso. Estou com vocês na luta por direitos, por empregos, por educação, por saúde, por uma alimentação digna, por dignidade para as pessoas, para as famílias”. Marcia se apresentou como sendo “apenas uma professora indignada com a injustiça” e a desesperança em que “o Brasil foi colocado após o golpe”. E disse que sua candidatura é também uma aposta “na nossa capacidade, na nossa coragem”.
A candidata ao governo do Rio fez questão de homenagear Marielle Franco – cujo assassinato completou hoje exatos seis meses, sem que os responsáveis pelo crime fossem identificados até agora. “Era uma grande companheira nossa. Quem matou Marielle, a gente não sabe o nome, pois talvez não exista um nome. A gente sabe que foram os podres poderes, os homens machistas e racistas que acham que mandam no Rio de Janeiro”.
Confira o ato na Cinelândia
Por lula.com.br