Na atual conjuntura na qual o governo asfixia o ensino público, promove perseguições ideológicas a professores e intelectuais e protagoniza um desmonte geral de políticas pública, várias frentes de resistência emergiram. É nesse contexto que foi realizado nesta sexta-feira (4) na UFRJ o Ato Nacional em Defesa da Educação, suprapartidário e que envolveu estudantes e profissionais da educação.
Fernando Haddad, ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma e um dos responsáveis por abrir as portas do ensino superior e técnico para o povo brasileiro, estava no evento ao lado do deputado Marcelo Freixo (PSOL), das deputadas Benedita da Silva (PT) e Jandira Feghali (PCdoB), da coordenadora do DCE da UFRJ, Clara e da representante da União Nacional dos Estudantes (UNE) Bárbara Melo. Em um auditório lotado, Haddad falou sobre a situação do país e defendeu que apenas com um ensino público de qualidade o Brasil poderá se reerguer.
“Lula iniciou uma verdadeira revolução no acesso à educação superior do Brasil. Em 2003, tínhamos 500 mil estudantes nas federais e desses só 4% de negros. Hoje, os negros já representam 51% dos alunos entre os mais de 1 milhão de estudantes. A universidade tem que ser a expressão mais fiel da diversidade do Brasil”, afirmou o ex-ministro.
A manifestação reuniu milhares de estudantes, professores e políticos, com o objetivo de denunciar o sucateamento da educação promovido pelo governo Bolsonaro. Haddad fez duras críticas ao Ministério da Educação: “O ministro Abraham Weintraub debocha das universidades públicas, dos educadores, uma total falta de respeito. O atual governo ameaça, asfixia, persegue, corta verba, querendo mandar no Brasil na base da violência e das armas”.
Ele também destacou o papel dos governos do PT em expandir o acesso ao ensino superior, essencial para a democracia: “Quando fui ministro da Educação, as políticas públicas eram construídas junto com as comunidades acadêmicas, por adesão. Implementamos o Reuni, o Enem, o Sisu. Era um governo que dava voz aos argumentos. A universidade é lugar de debate permanente. Nas universidades públicas que iremos construir o Brasil que a gente quer. Daqui sai o conhecimento, a energia e a ousadia para peitar esse projeto covarde de desmonte da educação do atual governo”.
Também presente no ato, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) afirmou que o desmonte da educação faz parte da política neofascista de Bolsonaro. “A universidade é espaço crítico, de debate e de pensamento. Parabéns à UFRJ por não ceder ao medo. O retrocesso do atual governo é muito grande. O desmonte do estado e da universidade não é uma crise orçamentária, é a motivação e a causa do fascismo. O projeto fascista quer impedir o pobre de chegar na faculdade”, afirmou o parlamentar.
Para Freixo, é essencial se unir contra o crescente fascismo: “Lutar por uma universidade que faça sentido para todos, para derrotar o “bolsonarismo”. O lugar de encontro da oposição é nas universidades, é nas ruas, é nas periferias. Devemos construir uma alternativa de sociedade, ouvindo os educadores e resgatando a essência de Paulo Freire. Não podemos viver com medo, temos que nos unir e derrotar o fascismo em nome das universidades públicas”.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) manifestou sua preocupação com o futuro das universidades públicas, considerando o projeto de privatização de Bolsonaro para a área: “Está em jogo a nossa liberdade, a democracia universitária, a existência do atual modelo democrático das universidades públicas. O Future-se é futuro de ninguém. Cabe ao Estado brasileiro, a política universal, com educação para todos”.
Da Redação da Agência PT de Notícias