Partido dos Trabalhadores

Haddad: “Vamos completar o ciclo de mudanças estruturais em SP”

Prefeito de São Paulo discursou em evento na Apeoesp, no qual recebeu o apoio de milhares de professores para seguir seu trabalho

Paulo Pinto/Agência PT

Fernando Haddad

A cidade de São Paulo precisa levar adiante e concluir uma série de mudanças estruturais iniciadas em 2013, afirmou o prefeito, Fernando Haddad (PT), ao participar de encontro com professores e militantes independentes na noite desta terça-feira (6).

Realizado no auditório da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), no centro da cidade, o objetivo do “Ato das universidades” foi responder a perguntas dos participantes, fazer um balanço da gestão e da campanha, a menos de 30 dias do primeiro turno. “E eu quero ganhar esta eleição”, reforçou.

Para o prefeito, é importante renovar o mandato nas urnas porque as políticas de saúde, habitação, mobilidade urbana, iluminação e direitos humanos passaram por alterações de rumo substanciais. Desviar deste caminho traria danos para a própria população e seria um retrocesso.

“Os prejuízos deste tipo de ruptura de políticas públicas trazem prejuízos muito evidentes para a sedimentação daquilo que pode causar uma mudança para melhor na vida da cidade”, argumentou.

Foto: Paulo Pinto/Agência PT

Uma interrupção no modelo, em sua avaliação, seria um “tranco”, lembrando que a capital nunca teve dois mandatos consecutivos do Partido dos Trabalhadores, e esta deve ser a primeira vez.

“São Paulo nunca sentiu as consequências de um governo mais longo, que promove as mudanças necessárias para a gente mudar de paradigma e enxergar a cidade de outro jeito. A gente tem esta tradição de uma ‘valsa perversa’, com um passo para a esquerda, dois para a direita. Não há quem aguente este ciclo perverso de desenvolvimento”, afirmou.

Para exemplificar, Haddad criticou o “Corujão”, do candidato João Dória (PSDB), que seria uma parceria com hospitais da rede privada para atender a população durante a madrugada. “Além do absurdo de levar um paciente às duas da manhã para fazer um exame, não existe um modelo de governança para a saúde”.

Em São Paulo, a Secretaria Municipal da Saúde criou a Rede Hora Certa, com os Hospitais Dia, conseguindo reduzir as filas para exames, consultas e cirurgias eletivas. O modelo já conta com atendimento durante o dia e a noite, por meio das Unidades de Pronto Atendimento 24 horas (UPA 24 horas). São três distribuídas no município.

“Tudo foi pensado para fazer o que mais precisa”, contou o prefeito, ao fazer um balanço da gestão desde 2013. Haddad disse ter assumido a prefeitura em um contexto adverso, quando a economia nacional enfrentava os impactos da crise econômica mundial.

Com a necessidade de reduzir orçamento e sem querer retirar investimentos, a solução foi organizar as contas públicas da cidade. Para isto, dois caminhos foram adotados. O primeiro deles foi a renegociação da dívida pública municipal. O segundo, o combate à corrupção. Com a criação da Controladoria Geral do Município, Haddad conseguiu recuperar R$ 278 milhões que haviam sido desviados da Máfia do ISS.

Entre as mudanças da cidade, citou a Paulista aberta aos domingos e o carnaval de rua – “ganhamos uma semana a mais no ano, porque antes todo mundo saía da cidade”.

Lembrou o programa LED nos Bairros, que está trocando a iluminação tradicional por uma mais potente e mais econômica. Começou pelas periferias, mas, até 2018, deve chegar a todas as localidades.

Mobilidade urbana foi um dos pontos estratégicos de seu governo. Para melhorar a fluidez no trânsito, foram criados corredores e faixas exclusivas para ônibus. Muitas avenidas que ligam bairros ao centro ou às cidades vizinhas foram duplicadas. Não há quem ande de ônibus e não tenha ganhado tempo, garante.

A gestão ampliou o acesso ao espaço público, priorizado o transporte coletivo, dando espaço a pedestres e ciclistas. Conseguiu também diminuir o número de mortos no trânsito, depois da redução da velocidade em algumas vias. “Todo mundo falava que se aumentasse o número de ciclistas ia aumentar o número de mortos. E aconteceu exatamente o contrário, aconteceram simultaneamente”.

WiFI Livre é um dos programas que não somente levou internet gratuita e de qualidade a praças e parques, como reforçou a apropriação dos espaços públicos pelos cidadãos.

Nos direitos humanos, Haddad avalia que foi acertada a criação da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, contando com coordenações LGBT, que viabilizou o programa Transcidadania, a de imigrantes, do direito à memória e verdade, que trabalha a recuperação do período da ditadura civil-militar (1964-1988).

São Paulo tem 37% da população composta por negros e pardos, segundo o Censo do IBGE de 2010 – a maior em número de habitantes negros e pardos no Brasil. Haddad foi o primeiro prefeito da história de São Paulo a criar uma Secretaria de Promoção da Igualdade Social. Já entregou dois centros de referência preparados para atender vítimas de racismo, localizados na Vila Maria e em Cidade Tiradentes – até o fim do ano, a cidade ganhará mais unidades em São Mateus e no Centro.

Haddad citou também a edição do livro didático “A História da África”, distribuído nas escolas municipais, com tiragem de mais de 90 mil exemplares, e que será distribuído a 30 mil professores. O livro é uma compilação de uma obra lançada em 2007 pela ONU, reuniundo 350 especialistas na história do continente africano.

“São Paulo é uma cidade com potencial impressionante. Temos que aproveitar este potencial da cidade. Quando me perguntam se São Paulo é uma cidade conservadora. Eu digo que agem sobre São Paulo forças muito conservadoras, mas ela própria já mostrou que gosta de mudanças”, concluiu.

Por Daniella Cambaúva, da Agência PT de Notícias