Expostos diariamente à letalidade do coronavírus, trabalhadores da área de saúde que atuam na linha de frente precisam enfrentar a pressão do risco de uma contaminação a todo momento enquanto lutam para salvar vidas. Ignorando o sacrifício de auxiliares, técnicos de enfermagem e de médicos no momento mais grave da crise sanitária, o presidente Jair Bolsonaro voltou a abrir o saco de maldades de seu governo para vetar Projeto de Lei 1826/2020, que estabelece compensação financeira de R$ 50 mil para profissionais de saúde incapacitados permanentemente por causa do Covid-19.
Além de trabalhadores de saúde, o projeto de autoria do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) determina que a União também pague a indenização a dependentes do profissional em caso de óbito. “Desde o princípio, Bolsonaro negligenciou o combate à pandemia”, denuncia Lopes. “Ele descumpriu recomendações de saúde e incitou aglomerações, fez de tudo para atrapalhar a vida dos trabalhadores e trabalhadoras que se dedicam a salvar vidas. Agora, veta o projeto que foi aprovado para garantir indenização aos profissionais afetados diretamente pela pandemia e as suas famílias em caso de morte”, acusa o deputado.
“Na caneta do presidente Bolsonaro hoje veio um tapa no rosto de cada trabalhador de saúde”, critica o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), coautor do projeto. “Em nenhum momento, os argumentos do veto foram apresentados durante a tramitação do projeto no Congresso Nacional, o que é uma postura covarde”, argumenta.
Não é a primeira vez que Bolsonaro exibe sua perversidade contra o povo brasileiro. Em julho, ele vetou dispositivos do Projeto de Lei 1142/2020, da deputada federal Rosa Neide (PT-MT), que garantia medidas emergenciais voltadas aos povos indígenas. Entre outros vetos, Bolsonaro retirou a obrigação do acesso das aldeias à água potável e do fornecimento de materiais de higiene, de limpeza e de desinfecção de superfícies em aldeias ou comunidades indígenas.
Também no início do mês passado, ao sancionar lei que estarrece uso de proteção facial no país, o presidente vetou a obrigatoriedade do uso da máscara de em sedes de órgãos e entidades públicas e em estabelecimentos comerciais, industriais, templos religiosos, instituições de ensino e outros locais fechados em que haja reunião de pessoas. Ao justificar os vetos, alegou, entre outras razões, que a obrigatoriedade “incorre em possível violação de domicílio”.
Para Padilha, a atitude de Bolsonaro confirma uma postura genocida “de um presidente que acredita que a população tem que ser infectada o mais rápido possível”. No caso dos profissionais de saúde, acrescentou: “Além da postura genocida, é demonstra profundo desprezo ao esforço dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde que estão se expondo nesse momento”.
“O veto de Bolsonaro à indenização aos profissionais de saúde incapacitados pela Covid-19 foi cruel”, afirma o líder da Minoria na Câmara dos Deputados, deputado José Guimarães (PT-CE). “Mostra o desrespeito do presidente com quem está na linha de frente de combate ao vírus. Para Bolsonaro, é cada um por si e Deus por todos. Só não mexam com a família dele”, atacou Guimarães.
A bancada petista na Câmara prometer lutar para derrubar o veto presidencial. “A pergunta é: se fosse para os militares, a decisão seria a mesma?”, questiona a deputada Professora Rosa Neide (PT-MT).
Da Redação, com informações de PT na Câmara e Agência Senado