O Presidente Lula participa, nesta quarta-feira (24), no Galpão da Cidadania, no Rio de Janeiro, da reunião da Força-Tarefa do G20 que fará o pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, principal bandeira do Brasil na presidência rotativa do grupo que reúne 19 das maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana.
Em uma semana considerada decisiva para o G20, a capital fluminense sedia, até sexta-feira (26), discussões de Grupos de Trabalho das áreas de Força-Tarefa de Combate à Fome e à Pobreza, Desenvolvimento, Emprego e Finanças, que darão início às reuniões ministeriais – ponto mais alto desde os debates iniciais entre os países, ocorridos em dezembro de 2023. As reuniões no Rio têm o objetivo de formalizar os documentos constitutivos para, dessa forma, possibilitar a adesão dos países interessados nas diferentes propostas.
O histórico pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza será realizado em um local que já é repleto de histórias e simbolismos. O Galpão da Cidadania abriga a sede da Organização Não Governamental Ação da Cidadania, criada há 31 anos pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, com o objetivo de arrecadar alimentos para milhões de brasileiros que estavam abaixo da linha da pobreza. A ONG é referência internacional na atuação pelo direito à alimentação e, em parceria com os governos Lula e Dilma, contribuiu fortemente para o Brasil sair do Mapa da Fome da ONU em 2014.
Além disso, o galpão fica próximo ao Morro da Providência, perto do cais do Valongo, local onde desembarcavam os escravizados do tráfico negreiro trazidos para a capital fluminense.
Alta prioridade
A construção da Aliança é um grande propósito de Lula, que apresentou a ideia ao participar da Cúpula do G20 em Nova Delhi, na Índia, no ano passado.
Na gestão brasileira no G20, foram estabelecidos, em consenso entre mais de 50 delegações internacionais — incluindo países do grupo, países convidados e organizações internacionais —, os Termos de Referência e Marco de Governança da Aliança, os critérios para a composição da cesta de políticas públicas a ser apoiada pela Aliança e o modelo para as Declarações de Compromisso, que todo membro da Aliança precisará firmar.
Em novembro, durante a póxima Cúpula do G20, também no Rio de Janeiro, a Aliança será lançada efetivamente pelos chefes de Estado e de governo do grupo.
A fome no mundo
Antes da reunião que terá a participação do presidente Lula, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) apresentará os dados do SOFI 2024, relatório anual sobre o estado da segurança alimentar e nutrição no mundo. O documento traz as atualizações mais recentes sobre fome, segurança alimentar e nutrição em nível global, incluindo estimativas atualizadas sobre o custo e a acessibilidade de dietas saudáveis.
Intitulado “Financiamento para acabar com a fome, a insegurança alimentar e todas as formas de desnutrição”, o relatório explora os níveis atuais e as lacunas de financiamento para a segurança alimentar e nutrição. Também fornece orientações sobre opções de financiamento inovadoras para enfrentar os principais fatores que causam a insegurança alimentar e a desnutrição, bem como aborda a transformação dos sistemas agroalimentares, necessária para libertar o mundo da fome, da insegurança alimentar e da desnutrição em todas as suas formas até 2030.
A pauta sobre Finanças esteve em debate nos dois primeiros dias (22 e 23 de julho) da reunião. Ministros da área e presidentes dos bancos centrais dos países-membros trataram de questões como tributação internacional, taxação de grandes fortunas, inclusão financeira, reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento e temas macroeconômicos, sob coordenação da Trilha das Finanças, que é o braço do G-20 para estas questões.
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Acadêmicos e organismos internacionais
Paralelamente às atividades no Galpão da Cidadania, o grupo de trabalho de Desenvolvimento está reunido na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, com uma programação que inclui seminários e a participação de representantes dos governos que compõem o G20, acadêmicos e organismos internacionais. “Modelo de Estado para um desenvolvimento sustentável e socialmente justo” é um dos temas em debate, com a participação da ex-presidenta do Chile, Michelle Bachellet, e do ex-primeiro ministro de Portugal e presidente eleito do Conselho Europeu, Antonio Costa.
Também estão programados debates sobre o papel do Estado para liderar as mudanças necessárias, por caminhos voltados ao redesenho de Estados resilientes e ágeis, adequados ao século XXI. Sistema de governança global e o papel dos atores estatais e não estatais na construção de futuros desejáveis é outro tema em pauta.
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Da Redação, com site do Planalto