Desapegado de vaidades, liderava sem mandar;
Destituído de cerimonialismo e prolegômenos, conduzia sem burocratizar;
Desmistificava a complexidade, simplificando pela óbvia realidade;
Abominava rusticidade e idiotices, reagindo com brandura e seriedade;
Respondia a radicalidade da vida, com afeto e estima;
Desmobilizava incertezas na segurança e clareza dos ideais;
Nas dificuldades que se impunham, apoiava-se na esperança revolucionária dos que não aguardam, porque atuam;
De vertente internacionalista arrebatadora, emergia seu compromisso com a superação do sofrimento do povo pobre das periferias;
Não esteve presente em tudo, mas por onde passou deixou marcas a respeito do que vale a pena viver;
Sem sentido, a materialidade do corpo rapidamente se desfaz, mas nos seus diversos exemplos, sua trajetória de vida e seus compromissos históricos continuarão a nos encoraja e a insistir, a ter lado e escolhas que nem sempre são as mais fáceis, mas certamente as mais dignificantes. Especialmente para aqueles que acreditam que outro mundo é possível.
Gustavo Codas, mais um guerreiro do nosso tempo que a convivência do cotidiano nos deixou, ficando para sempre gravado a lembrança de quem com ele teve a oportunidade de conviver e aprender. Codas segue presente.
Márcio Pochmann é professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, ambos da Universidade Estadual de Campinas