Ao negar veementemente qualquer envolvimento com o esquema de desvios na Petrobras, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), apontou “falhas e incoerências” no pedido de instauração de inquérito feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigá-lo no âmbito da Operação Lava Jato.
Em discurso feito em plenário nesta segunda-feira (9), o senador citou “incoerências e contradições” nos depoimentos em que foi acusado de receber doações ilícitas e na apuração feita pela PGR, “que a inviabilizam por completo”.
“Parece incrível que alguém tenha ainda encontrado elementos para a abertura de um inquérito”, declarou.
Entre as inconsistências apontadas pelo petista, está a ilação incorreta de que Humberto Costa teria usado sua influência como senador e líder do PT para conseguir doações, em 2010. Entretanto, naquele ano, ele não tinha mandato eletivo e era apenas candidato ao Senado.
“Como é que a Procuradoria-Geral da República diz no pedido que fundamenta a abertura do inquérito que essa suposta doação tinha estreita relação com o cargo ocupado por mim, de senador da República e líder do PT no Senado, se em 2010 eu nem mandato eletivo tinha, eu nem senador era e, muito menos, líder do PT, função para a qual eu só fui escolhido pelos meus colegas em fevereiro de 2011?”, questionou.
Outro erro observado por ele está a incompatibilidade entre os depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, réu confesso no âmbito da delação premiada, e do doleiro Alberto Yousseff, também réu confesso.
O ex-diretor diz que foi procurado em 2010 por Mário Beltrão, amigo de Humberto Costa, para ajudar na campanha ao Senado daquele ano com R$ 1 milhão. Paulo Roberto conta que “determinou a Alberto Youssef que ele disponibilizasse a quantia solicitada e que não tem conhecimento de como Alberto Youssef disponibilizou essa quantia”.
Yousseff, por sua vez, também em delação premiada, diz que “a eventual doação não passou por ele”. O doleiro declarou, ainda, que não conhece o senador, Mário Beltrão e nenhum assessor do congressista. Na delação, Youssef afirma ainda que Paulo Roberto “provavelmente tenha se confundido”. Paulo Roberto contou na delação que jamais se encontrou a sós com Humberto ou tratou de doação de campanha com ele.
“Os dois depoimentos, dessa forma, se afundam e se anulam em suas evidentes contradições, em seu ‘descompasso’, para usar aqui uma expressão da própria Procuradoria-Geral da República, tornando insubsistente a fundamentação de um inquérito para investigar o que, de fato, não existe, como eles mesmos reconhecem”, justificou o senador.
Humberto reiterou, ainda, que todas as doações de campanha recebidas foram legais, devidamente registradas, auditadas, julgadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral. “O fato de parte dos recursos que legalmente recebi na campanha de 2010 vir de empresas investigadas no contexto da Operação Lava Jato não é, por si só, motivo de suspeição e, muito menos, motivo de abertura de inquérito”, sublinhou.
Vida pública ilibada – No discurso, Humberto reafirmou a sua surpresa e indignação em relação à presença do seu nome na lista dos investigados. Ele lembrou que, em três décadas de vida pública, não há qualquer ato que praticou do qual possa se envergonhar ou que envergonhe todos aqueles que o elegeram.
“Sempre pautei minha conduta pela lisura, pela correção, pelo respeito à coisa pública e, especialmente, pelo respeito àqueles que sempre me honraram com seus votos e sua confiança”, disse.
O parlamentar afirmou que não baixará a cabeça e gradeceu as manifestações de apoio que tem recebido do povo pernambucano. “Não esmorecerei. Sou inocente. A cabeça baixa quando a consciência pesa. No meu caso, não tenham dúvidas de que a minha estará erguida para lutar até o fim pelo que há de mais precioso na vida pública: a honra”, concluiu.
Da Redação da Agência PT de Notícias