Jair Bolsonaro está cada vez mais parecido com um Midas às avessas. Ao contrário do rei da mitologia grega que transformava em ouro tudo que tocasse com as mãos, o impopular presidente chega ao seu 11º mês no comando do país especializado em criar novas crises com um simples “toque” ou declaração. Para além dos graves problemas sócio-estruturais gerados desde que assumiu o poder, o mandatário da nação acaba de conseguir uma façanha que parecia improvável há um ano: fazer do PSL o partido mais rejeitado do Brasil.
A crescente falta de credibilidade da legenda – alçada ao poder capitaneada pela produção criminosa de fake news e protagonista do “laranjal” – foi comprovada pela mais recente pesquisa do Ibope Inteligência, divulgada nesta quinta-feira (31): 50% dos brasileiros não votariam no PSL de jeito nenhum. O resultado aparece menos de um mês após Bolsonaro declarar a um apoiador, no dia 8 de outubro, que Luciano Bivar, presidente do partido, estava “queimado pra caramba”, e dar início ao racha no PSL.
Ainda que uma pequena parte dos bolsonaristas defenda seu “mito” a qualquer custo, é evidente que o estrago já foi feito e deve se estender até as eleições municipais de 2020 – o partido tem como meta para o ano que vem ampliar de maneira aguda sua influência nas cidades brasileiras. Portanto, a pesquisa mostra que tal tarefa parece cada vez mais distante de se concretizar.
Nordeste
Se o pleito fosse hoje, por exemplo, o PSL seria massacrado pelo Nordeste. Na região, novamente segundo o Ibope, a rejeição ao partido é ainda maior que no restante país: 62% do eleitorado nordestino afirma que não votaria no PSL de jeito nenhum.
Trata-se, de certa forma, de uma repetição do cenário visto durante o pleito de 2018, quando Bolsonaro foi rejeitado por 7 em cada 10 eleitores do Nordeste. É bom lembrar que não é só o descontrolado presidente que perderá com o aumento da rejeição: Luciano Bivar, presidente do partido, tem tem sua base eleitoral individual em Pernambuco.
Por outro lado, é no Nordeste também que o PT mantém a simpatia da maioria dos oposicionistas: 42% dos que desaprovam a gestão Bolsonaro votariam num candidato petista com certeza, e outros 28% poderiam votar.
Discurso de ódio como mantra
A falência do partido, antes mesmo de a pesquisa ser publicada, já vinha dando sinais de que o núcleo duro do bolsonarismo aumentaria os ataques contra tudo e contra todos afim de manter a imagem do presidente à margem da crise. Com isso, tentam também tirar o foco dos incontáveis problemas gerados pelo governo.
Na visão do historiador Rodrigo Vianna a tendência é o acirramento no discurso ficar ainda pior – como na repudiante declaração de Eduardo Bolsonaro sobre a possibilidade de criar “um novo AI-5”.
“É por isso que os milicianos começam a arreganhar os dentes. Levaram no voto em 2018. A partir de agora, vão se agarrar ao poder a qualquer custo. Se precisar de ditadura, os Bolsonaros estão dispostos à aventura”, resumiu no Twitter o jornalista e historiador, Rodrigo Vianna.
Da Redação da Agência PT de Notícias