O jornalista e escritor Eric Nepomuceno estava com Chico Buarque no episódio em que o cantor sofreu injúrias e agressões verbais no Rio de Janeiro, na segunda-feira (21), e se disse impressionado com a “facilidade” que os agressores reproduzem o que os grandes veículos de comunicação dizem e com a “incapacidade” de um ato civilizado.
“Três coisas me impressionaram no episódio. Primeiro, a extrema fúria dessa direita desgarrada que acaba de sair do armário embutido. Segundo, a facilidade com que repetem o que dizem os grandes meios de comunicação. E terceiro, a incapacidade para qualquer gesto minimamente civilizado”, disse Nepomuceno em um artigo escrito para a “Carta Maior”.
Para o jornalista, o mais impressionante disso é saber que não foi a primeira e nem será a última vez que Chico Buarque, um ícone da música popular brasileira e da luta contra a ditadura será atacado. Para ele, o país está polarizado como pouco esteve nas décadas de 1950 e 1960.
“O grau de agressividade, de furiosa intransigência dessa direita recém-saída de um imenso armário – certamente embutido – é o que mais chama a atenção. E preocupa. Dizer na cara de alguém ‘Você é um merda’ pode ter consequências sérias”, afirmou para completar em seguida que Chico sabia que “qualquer reação à altura não faria outra coisa que atiçar ainda mais a fúria dessa direita desembestada, fartamente alimentada pela grande imprensa”.
A agressão a Chico aconteceu quando ele saía de um jantar com alguns amigos e tentava pegar um táxi. Ele foi chamado de petista e por “clichês idiotas” repetidos pelos meios que comunicação que formam e influência na opinião dessas pessoas.
Nepomuceno conta que um dos rapazes disse que defender o Partido dos Trabalhadores quando se mora em Paris é fácil. Chico indagou: ‘você mora em Paris?’. O rapaz respondeu: “Não, quem mora em Paris é você!’. Chico, então, perguntou, em tom de ironia: ‘você andou lendo a Veja?’.
O jornalista finalizando afirmando que a direita “troglodita ataca à traição” e sabe que as figuras públicas não costumam reagir a esses ataques para não alimentar “a desse mesquinha” dessas pessoas.
“Há poucos registros, que eu me lembre, de alguém que tenha saído do armário com tanta sede de ação. Cuidado com eles: tantas ganas reprimidas, quando subitamente liberadas, desconhecem limites”, concluiu.
Por Danielle Cambraia, da Agência PT de Notícias