“O racismo é uma crença, uma doutrina, um sistema político, imposto para hostilizar, dominar e praticar o genocídio contra outras pessoas” Parafraseando a professora doutora Marilena Chaui, que Cida Abreu, Secretária Nacional de Combate ao Racismo do PT, descreveu sua indignação, face ao ato de covardia e selvageria praticado por um grupo de “justiceiros”, ao espancar, ferir a golpes de faca e acorrentar pelo pescoço, um jovem negro “suspeito” de praticar furtos no último dia 31, na zona sul do Rio de Janeiro, após denúncia pelas redes sociais, pela Yvonne Bezerra, que coordena o Projeto Uerê.
Alvo prioritário da violência no país, em uma absurda proporção de 7 para cada 10 vítimas de assassinatos, conforme dados do IPEA. http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/politicas_sociais/bps_20_cap08.pdf.
Há exatos 126 anos após a abolição da escravidão, testemunhamos pelos meios de comunicação de massa, a cena deplorável de um jovem negro em condições físicas, idênticas à imagem de mulheres e homens escravizados no Brasil do século XVI.
Em hipótese alguma, devemos aceitar, este tipo de prática degradante e desumana, contra os descendentes dos africanos, que durante mais de 300 anos, foram transportados nos porões dos navios negreiros, comprados como mercadorias por fazendeiros e senhores de engenho, que os tratavam de forma cruel e violenta.
O principal fator que manteve o sistema escravista por tantos anos foi o econômico. O Brasil aboliu a escravidão, mas vive um lento processo de distribuição de terras, emprego e educação, ou seja, vivenciamos uma abolição não-conclusa, empurrando mais da metade de sua população composta por negras e negros a margem das políticas públicas.
Nenhum governo na história da República ousou e materializou tantos mecanismos públicos de promoção da igualdade racial iniciado na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O Governo da presidenta Dilma Rousseff, dando continuidade, através da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Secretaria Nacional da Juventude (SNJ-PR) em parceria com diversos ministérios, vem desenvolvendo ações e programas em consonância com as demandas e o protagonismo dos movimentos de juventude e negro, promovendo transformações sociais, políticas, culturais e econômicas, reconhecendo nas juventudes e na população negra, sua importância na formação da identidade étnicorracial e na cultura brasileira.
A juventude negra, nunca na história deste país, se reconheceu tanto quanto sujeito político de uma nova narrativa, na efetivação de políticas públicas afirmativas, de reparação histórica, no enfrentamento ao racismo institucional e na promoção de igualdade e oportunidades.
Muito foi feito, mas muito temos ainda por fazer, para reduzir o fosso do abismo social, banir de fez toda e qualquer forma de racismo, violência e intolerância contra as comunidades pobres, e continuarmos contando uma nova narrativa do Brasil com a nossa Juventude Negra Viva.
O Partido dos Trabalhadores, repudia todo e qualquer ato de racismo, violência e intolerância. E desde sua origem, vem programaticamente incorporando o combate ao racismo e a temática etnicorracial como componente indispensável na luta pela emancipação da classe trabalhadora e para superação das desigualdades sociais motivadas pela cor da pele.
Cida Abreu – Secretária Nacional de Combate ao Racismo do PT
Jefferson Lima – Secretário Nacional da JPT