Em três dias de negócios nas bolsas internacionais, a partir da quinta-feira (27), o preço do petróleo sofreu uma inédita alta de 27% em 25 anos. Somente na segunda-feira (31), a alta foi de quase 10%, depois de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciar que discutiria novos preços de venda.
O barril do tipo Brent para outubro, cujo preço serve de referência mundial, alcançou US$ 54,15, ou 9,6% a mais que os US$ 48,95 da abertura do mercado.
Desde 1990, a commodity (nome que designa produtos primários em geral, para transformação em outro de maior valor agregado) não registra desempenho semelhante. A disparada tornou-se responsável pela recuperação das perdas de valor que o petróleo sofreu em agosto, mês no qual o insumo bateu no nível mais baixo desde 2009 – chegou a US$ 40 no dia 21.
Para o Brasil, a notícia é boa pois pode melhorar as expectativas da Associação dos Exportadores Brasileiros (AEB), cujas estimativas são de que o petróleo brasileiro deverá fechar o ano de 2015 com exportações de US$ 13,85 bilhões. O dado foi atualizado em julho, ou R$ 51,2 bilhões a valores de hoje.
Pelas estimativas iniciais, que previam exportações de US$ 15,6 bilhões (R$ 57,7 bilhões) em 2015, a revisão das contas da AEB dois meses atrás apontou perdas de US$ 1,75 bilhão no ano, que, no novo cenário, de valorização do petróleo, podem não se confirmar.
O aumento repentino no preço pode representar um ganho extra proporcional aos volumes a serem exportados nos quatro últimos meses do ano pelo Brasil, quase todo ele pela Petrobras. Associada à desvalorização do real frente ao dólar, cotado a R$ 3,70 nesta terça-feira (1º), a alta do petróleo pode assegurar mais divisas e melhorar o desempenho da balança comercial no ano. E uma certa dose de alívio para a Petrobras, que vive um esforço contínuo de geração de caixa.
O que mais anima o mercado em relação à melhoria nos preços do insumo, segundo o Infomoney, é que “há duas notícias positivas no horizonte do combustível”: a queda de 100 mil barris na produção nos Estados Unidos e a disposição da OPEP em rediscutir os valores com os demais produtores.
Quanto maior a produção, menor o preço. Preços maiores traduzem produção em queda. Hoje, a queda chegou a 7% devido a notícias de piora industrial na China, o maior consumidor planetário de petróleo.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias