A política econômica de Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, consegue ser ainda mais cruel com a população mais pobre. Uma nova forma de medir a inflação, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mostra que a escalada de preços produzida pelo atual governo é maior para a população que ganha entre um e três salários mínimos, o que empurra essas famílias para a miséria e a fome, alerta a entidade.
A nova metodologia, batizada de IPC FX, é a mesma utilizada para calcular o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), mas os pesos dos grupos de despesa são reestimados em função da renda. Assim, explica a Fipe, é possível medir de maneira mais precisa os impactos da inflação nas diferentes parcelas da população.
Feitos os cálculos, a Fipe concluiu que a inflação acumulada dos últimos 12 meses ficou em 9,67% para os brasileiros que ganham acima de oito salários mínimos, mas foi de 10,63% para os mais pobres, que ganham entre um e três salários. É uma diferença de quase um ponto percentual. Já para a faixa que ganha entre três e oito pisos nacionais, o índice foi de 10,38% (veja gráfico abaixo).
Inflação mais alta para os mais pobres é um dos cenários mais cruéis que pode existir na economia, uma vez que essa parte da população costuma usar toda a renda para sobreviver, não tendo supérfluos para cortar. Quando perdem poder de compra, esses brasileiros ficam sem produtos essenciais. Isso significa que são empurrados para a miséria e a fome.
“Quando dizemos que a inflação foi de 10%, isso significa que, para uma família manter o mesmo padrão de consumo, ela teria que ter uma renda 10% maior. Ou que seu poder de compra foi reduzido em 10%. Para as famílias com renda mais baixa, isso significa que muitas podem passar fome”, afirmou Guilherme Moreira, coordenador do IPC da Fipe, segundo o jornal Extra.
Culpa de Bolsonaro e Guedes
Como disse muito bem o presidente Lula recentemente, a culpa dessa escalada de preços é, sim, de Bolsonaro e Guedes. O dados mostram que os aumentos que mais pesaram para os mais pobres foram os da energia elétrica, do gás de cozinha e dos alimentos. A inflação dos alimentos, por exemplo, que é maior nos itens mais básicos, como arroz, feijão e carnes menos nobres, foi de 14,26% para a parcela com menor renda e de 12,98% para os que ganham acima de oito salários.
Todos esses aumentos têm relação direta com a forma de governar de Bolsonaro. A energia ficou mais cara por clara incompetência do governo, que não soube gerir as hidrelétricas e demorou para acionar as termelétricas, provocando uma crise hídrica que levou até à criação de uma nova tarifa.
O gás de cozinha, por sua vez, não para de subir porque o governo insiste em praticar a dolarização dos preços na Petrobras, beneficiando empresas estrangeiras e acionistas da estatal brasileira. Essa política, aliás, acaba também impactando o preço dos alimentos, pois com o diesel nas alturas, o alto custo do transporte acaba sendo repassado no valor cobrado nos supermercados. Sem falar que o governo Bolsonaro desprezou qualquer política de segurança alimentar e acabou com os estoques reguladores.
Se Bolsonaro realmente se preocupasse com os mais pobres, mudaria sua política econômica e, no mínimo, manteria o número de famílias que estavam recebendo o auxílio emergencial. Em vez disso, ele acaba com o auxílio e extingue o Bolsa Família para criar um programa eleitoreiro que foi usado como desculpa para continuar comprando apoio do Congresso por meio do orçamento secreto.
Da Redação