A política neoliberal do governo de Maurício Macri, elogiada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e por Jair Bolsonaro (PSL), colocou a Argentina no primeiro lugar do ranking de economia mais vulnerável do mundo.
O ranking é feito pela agência Bloomberg, que analisa a situação econômica de 20 países. Em segundo lugar está a Turquia, também governada por um presidente de direita, Recep Tayyip Erdogan – como os outros, adepto de medidas de arrocho contra a classe trabalhadora.
A classificação acontece no mesmo momento em que Macri tenta a reeleição, apesar de ser reprovado e acusado pela população argentina pelo aumento da pobreza pelas medidas que prejudicam a população. Exemplos disso são o aumento de tarifas de serviços básicos e transportes, demissões em massa e retirada de direitos.
Bolsonaro, que tenta implementar a mesma política econômica que deu errado com Macri, já foi à Argentina duas vezes para apoiar a reeleição do colega rejeitado pelo povo. Lá, o brasileiro foi recebido com protestos.
Entenda o ranking
Os principais fatores analisados pelo grupo Bloomberg para elevar a Argentina ao topo das economias mais ‘perigosas’ do planeta são a dívida externa maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) do país; aumento da inflação, que chegou a 55,8% em junho deste ano, muito acima das metas estabelecidas pelo governo; déficit de reservas monetárias de 2% do PIB (o Brasil já tem 1,7%); e ‘baixas reservas internacionais’, que são ativos em moeda estrangeira e funcionam como uma espécie de seguro para cumprir obrigações futuras e enfrentar crises cambiais.
Além da crise econômica, a instabilidade política da Argentina levou outra agência de classificação de risco – a Moody´s – a considerar a Argentina um país que oferece riscos ao mercado. O vice-presidente da Moody´s, Gersan Zurita, afirmou que “a alta inflação e a crescente incerteza política, colocará vários setores da economia em risco”.
Oito províncias argentinas, a capital federal e o munícipio de Córdoba receberam avaliação de crédito negativa pela agência, na semana passada, o que representa uma piora nas expectativas sobre o futuro do país. Dez estatais argentinas também receberam a mesma avaliação.
Política econômica recessiva
A política econômica do presidente argentino resultou em estagnação, níveis elevados de inflação, diminuição do poder de compra e uma taxa de juros que hoje passa os 74%. O secretário adjunto de Relações Internacionais da CUT, Ariovaldo Camargo explica que esses fatores “inviabilizam manter a atividades das pequenas e médias empresas, que são responsáveis por 80% do emprego no país”.
O resultado é uma recessão que já dura há dois anos e tem feito o país recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para saldar suas obrigações e se submeter a imposições econômicas (do FMI) que penalizam trabalhadores e trabalhadoras, agravam problemas sociais e priorizam o capital.
Contra os retrocessos promovidos por Macri, o povo argentino fez, em 29 de maio de 2019, a maior paralisação da história da Argentina, com adesão de diversas categorias.