Partido dos Trabalhadores

Integrantes da Rede debandam após apoio a Aécio

Em manifesto, militantes classificam como “grave erro político” a adesão ao tucano. Fundador da Rede, Charles Alcantara, apoiará Dilma no segundo turno e acredita que o movimento perdeu o foco

A decisão de Marina Silva em apoiar Aécio Neves (PSDB) no pleito de 26 de outubro desagradou integrantes da Rede Sustentabilidade. A adesão foi anunciada no último domingo (12), em São Paulo. Indignados com a decisão, 25 integrantes do Elo e Executiva Nacional, além de sete outros membros da Executiva paulista da Rede se declararam independentes. Para o fundador do movimento, Charles Alcantara, que apoia a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio representam um projeto de retrocesso ao País.

A decisão de Marina Silva em apoiar o tucano foi anunciada um dia após o peessedebista divulgar uma carta aberta, na qual estabelecia uma série de compromissos na área social, que foram inspirados, em parte, por sugestões da Rede Sustentabilidade. Para os 25 integrantes da Executiva e do Elo Nacional do movimento, as alterações no programa eleitoral de Aécio Neves não mudam a natureza de sua candidatura.

“Nenhuma modificação formal no programa eleitoral de Aécio transformará a natureza de sua candidatura, que não se constitui de palavras, mas de atos de história concreta que indicam sua integração orgânica à desconstituição de direitos, aos ruralistas e ao capital financeiro”, afirmam em manifesto. Os militantes classificaram como “grave erro político a declaração de voto e a adesão à campanha de Aécio Neves”.

Em São Paulo, sete coordenadores da Executiva Estadual da Rede renunciaram de suas atribuições, afirmando que a aliança com o tucano, ou Dilma reforça a polarização entre PT e PSDB, criticada pela Rede no primeiro turno das eleições. “Um apoio, explícito ou velado, por parte da Rede a qualquer um dos candidatos finalistas reforça o argumento daqueles que acusam a sigla de ser mais do mesmo, de ser só uma nova roupagem para a velha e corrupta política que tanto nos dispusemos a combater”, afirmam em carta.

Projetos semelhantes – Para o fundador da Rede Sustentabilidade, Charles de Alcantara, Marina Silva e Aécio Neves representam o mesmo projeto político para o Brasil, de favorecimento das elites e do capital financeiro. Ele decidiu sair do movimento em outubro de 2013, quando a Rede se aliou ao PSB, de Eduardo Campos.

“Afastei-me das discussões da Rede, mas ainda me mantinha inclinado a votar no Eduardo, primeiro, e depois na própria Marina. Mas quando foi divulgado o programa de governo, ai a partir daquele momento eu tomei essa decisão: não, eu não tenho como permanecer nisso. Eu identifiquei que havia, então, só dois projetos em disputa no Brasil: um projeto representado pela Dilma e o projeto representado por Aécio e Marina – que são a mesma coisa”, relata.

Alcantara afirma que votou em Dilma logo no primeiro turno das eleições, em 5 de outubro e que repetirá o voto na petista, no próximo dia 26. “Eu voto na Dilma por reconhecer que é um governo que está melhorando a face do Brasil, tornando o Brasil mais justo, está diminuindo drasticamente a pobreza”, afirma.

Segundo ele, Aécio representa um projeto neoliberal e conta com um projeto que pode gerar retrocessos ao país. “O Aécio é o candidato das oligarquias, do capital financeiro, da grande imprensa. Como disseram os quatro deputados do PSOL, ele é o candidato do retrocesso e do atraso. É isso o que Aécio representa”, dispara.

Por Victoria Almeida, da Agência PT de Notícias