Partido dos Trabalhadores

Deputado tucano, invasor de áreas públicas, é réu em processo por crime eleitoral no STF

Mansão de deputado tucano invadiu área pública no Lago Sul. Dias antes de fiscalização realizada pelo governo do DF, ele resolveu readequar a área e se safou

Um dos parlamentares mais ácidos na tribuna da Câmara contra o governo Dilma Rousseff e o PT, o deputado Izalci Lucas (PSDB-DF) acumula uma substancial lista de infrações e fatos que expõem, no mínimo, uma moral seletiva. A mais recente foi o flagrante de invasão de área pública da mansão do tucano no Lago Sul.

Nesta segunda-feira (24), foi deflagrada uma operação do Governo do Distrito Federal para desobstruir as margens do Lado Paranoá que estão invadidas por residências e estabelecimentos comerciais. A casa do deputado invadia ilegalmente e tornava privativa a orla do lago. Para não ser alvo da operação do GDF, a casa da Izalci passou por reformas nos últimos dias, mas a justificativa do deputado foi lacônica: “Agora, há até mais de 30 metros livres”, disse Izalci, sem explicar por que, sendo um legislador, invadiu o espaço público.

Não foi a primeira invasão cometida pelo deputado do PSDB. Na década de 1980, quando era proprietário de uma escola particular, o colégio São Francisco, no Guará, cidade-satélite do Distrito Federal próxima ao Plano Piloto, Izalci invadiu 1,4 mil metros quadrados de um terreno que pertencia a uma escola pública.

Quando foi questionado pelo GDF, Izalci não aceitou devolver o espaço invadido e tentou até utilizar uma lei da Câmara Legislativa do DF – depois anulada por vício de iniciativa – para garantir a posse definitiva da área usurpada. A causa só foi decidida em 2013, três anos após o fechamento da escola. À época, tal qual o ocorrido com a casa no Lago Sul, já havia sido feito o recuo da cerca para os limites corretos. Na época, o terreno estava à venda por R$ 3,8 milhões.

Réu – Na campanha de 2014, Izalci recebeu R$ 150 mil em doação da Odebrecht, empresa investigada na operação Lava Jato. Na visão de Izalci, isso não constituiu impedimento ético para que ele integrasse a CPI da Petrobras, que investiga as relações da Odebrecht e outras empresas com a estatal do petróleo. E tampouco Izalci se sente constrangido ao denunciar – em discursos na Câmara repetidos à exaustão– as doações da empreiteira aos candidatos do PT.

No STF, Izalci é réu em processo por crime eleitoral. Ele é acusado de omitir – na prestação de contas da campanha de 2006 – o recebimento de doação de R$ 300 mil da empresa Sapiens Tecnologia da Informação Ltda. Em maio passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a condenação do deputado.

Janot apontou que, na declaração apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), Izalci informou que Sapiens Tecnologia doou R$ 150 mil à campanha. No entanto, apenas após mandado de busca e apreensão na companhia – Operação Mega Byte, que apurou fraudes em contratos de informática com o governo do Distrito Federal – foram descobertos documentos que comprovam a doação total de R$ 450 mil por meio de 11 cheques para Izalci. Apesar disso, apenas em três cheques há registro de recibo eleitoral.

Além disso, o Ministério Público do Distrito Federal investiga o possível envolvimento de Izalci no sumiço de mercadorias apreendidas pela Secretaria da Receita Federal na fronteira com o Paraguai, doadas ao Governo do Distrito Federal (GDF) em 2009 para utilização no interesse público.

Entre os produtos, há 65 videogames, quase 10 mil sutiãs, 8,5 mil meias, 2 mil perfumes, 870 baralhos e mais de 300 fixadores de dentadura. À época do sumiço, Izalci era secretário de Ciência e Tecnologia do governador José Roberto Arruda (DEM), que foi preso e teve o mandato cassado em 2010.

Da Redação da Agência PT de Notícias