O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pretende ir à França buscar informações sobre correntistas brasileiros envolvidos no caso conhecido como “Swissleaks”. A decisão foi anunciada por integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do HSBC, após reunião com Janot, na última terça-feira (31).
A França é detentora da íntegra da lista dos correntistas de contas secretas no HSBC.
O presidente da CPI, senador Paulo Rocha (PT-PA), o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Psol-AP), e os senadores Fátima Bezerra (PT-RN) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), estiveram com Janot e pediram ajuda para ter acesso à lista de brasileiros citados nos documentos secretos vazados por um ex-funcionário do banco na Suíça.
Uma comitiva formada por Janot e pelo secretário de Relações Internacionais da PGR, o procurador Vladimir Aras, deve ir à França pedir a colaboração do Ministério Público do país, ainda em abril.
“Esperamos que após essa missão possamos ter acesso a essa base de dados”, declarou o senador Randolfe.
Segundo o presidente da CPI, senador Paulo Rocha, o objetivo é obter provas, por meios oficiais, para investigar as suspeitas de sonegação fiscal e evasão de divisas que possam ter sido cometidas por 8.867 correntistas com contas na filial suíça do banco, nos anos de 2006 e 2007.
“É fundamental a comissão ter acesso a essa lista para separar o joio do trigo. Nós não vamos fazer sensacionalismo, mas apenas compartilhar informações importantes que contribuirão para o nosso trabalho de investigação, respeitando sempre o sigilo no quer for necessário”, declarou a senadora Fátima Bezerra.
A CPI também irá pedir a colaboração do embaixador da França no Brasil, Denis Pietton, para que seu país auxilie nas investigações.
Entenda o caso – No início de fevereiro, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), divulgou o projeto SwissLeaks, por meio do qual foram expostos quase 60 mil arquivos com detalhes sobre mais de 100 mil correntistas do HSBC e suas movimentações bancárias, entre 1988 e 2007.
As contas bancárias reveladas somam mais de US$ 100 bilhões depositados em filiais do banco por correntistas ao redor do mundo.
À época, os dados sobre as correntes foram vazados pelo ex-funcionário do banco Herve Falciani. As informações foram entregues por ele a autoridades francesas, em 2008. Com o projeto SwissLeaks, mais de 140 jornalistas em 45 países investigam os nomes envolvidos no caso.
Até o momento, foram descobertas contas secretas, no HSBC da Suíça, de 6,6 mil brasileiros. Estima-se que os depósitos de correntistas brasileiros no paraíso fiscal possam chegar a US$ 7 bilhões. Desde fevereiro, a investigação feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos apontou que vários políticos, artistas, atletas, empresários e celebridades estão envolvidos em um caso de fraude fiscal com suas contas na filial suíça do HSBC.
Da Redação da Agência PT de Notícias