O ano de 2015 encerrou-se com uma intensa disputa no interior da sociedade brasileira. De um lado, o conservadorismo em ascensão resistente em respeitar o resultado das urnas nas eleições de 2014 e as conquistas sociais e políticas obtidas nos últimos anos. Do outro, os defensores da democracia, portadores de novas agendas, ainda que insatisfeitos com o governo, não aceitam retrocessos sociais, econômicos e/ou políticos.
Neste importante momento, teremos no ano de 2016 a primeira eleição sem financiamento empresarial de campanha, uma oportunidade para o PT promover uma renovação efetiva de seus quadros públicos. Para tal, não podemos prescindir de iniciativas e bandeiras que mobilizem as lutas das novas gerações e representem a esperança, capaz de vencer o medo e transformar ainda mais o Brasil.
À frente do Governo Federal, o Partido dos Trabalhadores priorizou a agenda social motivada na urgente necessidade de enfim olhar para milhões de brasileiras e brasileiros historicamente invisibilizados/as. Como consequência, a elevação no patamar de vida, uma nova realidade para milhões de trabalhadoras e trabalhadores e o surgimento de um novo patamar de exigências. O que mobilizou a juventude em diversos cantos do País a lutar por mais direitos e melhores serviços.
Neste momento em que os debates das eleições municipais começam a esquentar e tomar corpo, diante de uma conjuntura política extremamente complexa, surge a necessidade de atualização programática e de construção de novas iniciativas com vistas a conjuntura posta na qual cabe destacar três elementos fundamentais: O processo de financeirização da economia e a evolução do capital sobre o espaço urbano ampliou as desigualdades sociais existentes, tornando este um importante local de embate e palco de importantes mobilizações no contexto atual.
A forma vertical de intervenção do rentismo e a mercantilização da cidade definida a partir da concentração da renda, o acesso aos equipamentos culturais, ao lazer, entretenimento e demais serviços criando um abismo entre os que podem e os que não podem, reflete nas principais lutas contemporâneas, representando um ambiente de centralidade no debate político e requerendo atenção especial dos gestores públicos compromissados com a promoção da igualdade.
A necessidade de melhoria na prestação de serviços essenciais, dialogando com a necessidade de aumento na qualidade de vida da população e da garantia do exercício pleno da cidadania é sem dúvida um grande desafio em virtude das dificuldades fiscais existentes na grande maioria dos lugares. Neste ponto reside, sem dúvida alguma, a maior exigência e o principal ponto de descrédito por parte da sociedade em relação à classe política.
Por último, o impacto dos novos marcos do financiamento das campanhas demandará maior capacidade de mobilização por parte das candidaturas e a diminuição da capacidade do poder econômico de realizar esta tarefa, o que fortalece os candidatos com trabalho orgânico. Mesmo consistindo em uma novidade que ainda precisa ser compreendida por muitos, a competência na adaptação as novas regras representará um diferencial.
A atualização do projeto partidário como continuidade da obra dos fundadores do PT passa pelo sucesso das candidaturas jovens para as prefeituras e câmaras municipais, tal como tornar a Juventude do PT ainda mais aberta, de periferia e trabalhadora, com a cara do Brasil, dos estados, regiões e municípios, atraindo jovens para se filiarem ao PT e participarem de seus fóruns e instâncias. Para tal, é preciso estarmos sintonizados com as principais demandas do povo e suas lutas.
Neste sentido, será um marco fundamental para começar a materializar a nova organização aprovada no III Congresso, avançar na territorialização da JPT nos locais de estudo, trabalho e moradia, que discute propostas para o desenvolvimento abertas às comunidades, que realiza trabalhos de solidariedade social e trava no dia a dia atividades de convencimento popular nos municípios.
De um lado, estará em jogo, com campanhas programáticas e mobilização pública, fazer o contraponto ao neoliberalismo que resiste a morrer, ao antipetismo e ao conservadorismo, empunhando, sem pestanejar, causas progressistas.
De outro, apresentando pautas que dialogam com os mais de 50 milhões de cidadãos e cidadãs entre 16 e 29 anos, renovando soluções para os gargalos do desenvolvimento nacional nas diversas áreas das políticas públicas em estreita relação com a inteligência advinda dos beneficiários do ProUni, cotas sócio-raciais da universidades, Ifets, Pronatec, Ciência sem Fronteiras, Bolsa-Família e jovens empreendedores da carteira dos bancos públicos.
Plataformas estas sempre elaboradas de forma participativa com a sociedade, com as bases partidárias e da coligação, e com os movimentos sociais, sem deixar de ajudar a reconstruir a popularidade do governo da presidenta Dilma de baixo para cima, travando disputas com clareza ideológica.
Chegou a hora de um F5, ou seja, de atualizar o programa partidário, com mais ousadia para as eleições de 2016, sintonizado com esse novo Brasil e apresentando propostas reais para toda a diversidade do povo brasileiro.
Jefferson Lima é secretário Nacional de Juventude do PT