O Parlamento mais conservador desde o golpe de 1964 teve uma semana vitoriosa na Câmara este mês de junho. Depois de pouco mais de 25 anos da Constituinte, o país acredita viver uma democracia plena e madura, mas a realidade é que os setores mais conservadores da nossa sociedade se sentem cada vez mais à vontade para vociferar seus preconceitos, de classe, de gênero, de cor, de religião, de região.
Essa direita raivosa ainda revive 2014. Não se conforma com o resultado das eleições e ensaiam impeachment e golpes atrás de golpes. Neste mês de junho uma reforma política que aceita financiamento privado de campanhas (após um golpe de votação em plenário) e não inclui uma participação mínima de mulheres foi aprovada. No dia 17, foi aprovada a redução da maioridade penal na comissão aos gritos de “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” e foram cantarolando para o plenário.
A democracia agoniza e a grande imprensa abafa, faz crer que o país está um caos, que golpe é a festa da democracia, festa da família brasileira.
Percebe-se um movimento internacional tentando resgatar os setores conservadores, tentando desestabilizar os governos progressistas e populares da América Latina, como vem acontecendo no Brasil, Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela. Já há algum tempo esses governos de esquerda estão sob ataque da direita fascista, é um golpe branco, patrocinado pela mídia e por interesses dos abutres, com manifestações golpistas orquestradas por grupos derrotados nas urnas que tentam derrubar os governos ou pelo menos desgastar, na esperança de tomar o poder nas próximas eleições.
Para completar o cenário de vexames do Congresso brasileiro, uma comitiva de senadores protagoniza uma humilhação internacional ao tentar visitar os golpistas da Venezuela. Eles acabam de criar um incidente internacional ao fomentar com mentiras à imprensa brasileira e levar o Congresso a aprovar uma moção de repúdio. Foram ao país para acusar o governo de reprimir manifestantes, mas Leopoldo Lopez, a quem nossa imprensa alcunha de “preso político”, é um dos principais incitadores das violentas manifestações ocorridas no ano passado no país, que matou 43 pessoas. O pedido dos golpistas era a deposição do presidente eleito Nicolás Maduro, do mesmo modo que vem ocorrendo no Brasil. Mas ao contrário das manifestações de março de 2015 que levaram milhares às ruas pedindo o impeachment de Dilma e até a volta do regime militar, o movimento por lá não foi perdendo força como aqui e acabando menos de dois meses depois. Lá foi o início de uma sequência de violências, depredação do patrimônio público, mortos e feridos.
Mas o que levou à prisão de Leopoldo não foi o caráter golpista de seus discursos e sim a identificação da inteligência venezuelana de um plano para assassiná-lo, por grupos ainda mais extremistas, para aumentar o caos econômico e político instalado pelas manifestações e derrubar o governo. Mas a direita raivosa, amparadas pela grande imprensa o trata como “preso político” e nossos parlamentares querem interferir na soberania daquele país.
O governo da Venezuela desmente pela segunda vez a comitiva. Na primeira, os senadores vociferavam para a nossa imprensa golpista que foram impedidos de entrar no território nacional. Agora, o Governo esclarece que o PSVU, partido do Governo, não convocou nenhuma manifestação. É de interesse do governo receber as comitivas e comprovar que os direitos humanos estão sendo garantidos. Além do governo do país, o deputado federal João Daniel, PT/SE, informou que um caminhão tombou na estrada que liga o aeroporto à Caracas e que por isso o engarrafamento, que o fez mudar a rota e aumentar em mais quatro horas o trajeto.
Os senadores que compõem a comitiva já usaram suas redes sociais diversas vezes para falar mal daquele país, chamando-os de republiqueta, país ditatorial, comunista e sem democracia. Usam o termo bolivariano que está no nome daquele país, República Bolivariana da Venezuela, para adjetivar pejorativamente em plenário aqueles que apoiam ideias de esquerda e socialistas. Atacam o povo venezuelano sem pudor, vão visitar golpistas e querem ser bem recebidos pela população local?!
O senador Aécio Neves perdeu as eleições e portanto não pode ditar as relações internacionais do Brasil com nenhum outro país. Foi uma tentativa de interferir na política interna de outro país, por meio de um diálogo com o segmento mais radicalizado da direita da Venezuela. Por que não se preocupam em ir aos Estados Unidos investigar a matança da juventude negra e da periferia?
Qual o país onde um grupo de políticos estrangeiros pode entrar nas prisões sem autorização judicial? Nenhum! Certamente, não teriam autorização nem pra decolar de solo brasileiro.
Depois desse vexame internacional, da tentativa frustrada de unir golpistas latino-americanos, nós, da Juventude do PT repudiamos todas as falas de ódio dos nossos compatriotas contra nossos irmãos venezuelanos e repudiamos a tentativa de golpe e intervenção estrangeira naquele país.
Direção Nacional da Juventude do PT (JPT)