O 3º Congresso Nacional da Juventude do PT foi mais um importante marco da nossa história recente. De um intenso processo de mobilização na base e uma ampla participação de militantes de todas as forças políticas durante todo o processo congressual, nasceu uma nova Juventude do PT, com cara de Brasil e cheiro de povo, isto é: nacionalizada, popular, socialista e democrática.
Um dos pontos altos foi o Ato de Abertura com o Presidente Lula, que participou pela primeira vez de um congresso da JPT e entusiasmou muito nossa militância.
Aconteceram também importantes debates nos grupos de discussão e nas mesas políticas, inclusive com um rico seminário internacional, previstos na programação; outro fator de extrema importância foi a unidade na Comissão de Sistematização que levou para a tese-guia aprovada e para o texto final resoluções firmes como o #ForaCunha e sua agenda conservadora, o #ForaLevy com propostas concretas para mudar a política econômica do nosso governo rumo à pauta eleita pelas urnas em 2014, a Tarifa Zero como horizonte concreto nas lutas da Reforma Urbana e no direito à Cidade, uma nova política de drogas, a cultura e o esporte tendo papel estratégico e para avançarmos ainda mais por meio da realização das reformas estruturais de democratização do Estado.
Acreditamos que a saída, neste momento de crise fiscal, econômica e política, é pela Esquerda. É preciso colocar o peso do financiamento do Estado nos mais ricos,promovendo uma ampla Reforma Tributária e, a partir disso, recompor as contas públicas de modo que seja possível não apenas manter, mas ampliar as políticas sociais e os investimentos de infraestrutura social e logística, realimentando o círculo virtuoso do crescimento: investimentos estatais produzindo empregos; empregos, mais renda; a renda, mais consumo; este, mais investimentos privados, permitindo a ampliação do crédito e assim por diante. Esta agenda antirrecessão, combinada com maior fiscalização e punição para a sonegação de impostos, favorece o aumento da arrecadação pública para mais investimentos estatais e, como resultante deste círculo, a retomada da combinação entre crescimento e mais inclusão social e distribuição de renda.
Tudo isso, evidente, deve ser feito com amplo diálogo social com os movimentos sociais e com os beneficiários dos programas sociais, e inscritos dentro dos instrumentos de planejamento do Estado, como o Plano Plurianual e suas sucedâneas Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual, articulação imprescindível para que este “novo ajuste”, um Ajuste Popular, seja a base para a recomposição parlamentar do governo no Congresso Nacional para aprová-lo e, a partir dele, semear o avanço necessário.
O 3º ConJPT também apontou a necessidade de um novo modelo de organização da nossa Juventude. Aprovamos a campanha pelos 10% do Fundo Partidário pra JPT na busca de fortalecer a militância nos territórios, realizar atividades junto às bases, jornadas de formação e seminários temáticos, promovendo debates abertos à população e, sobretudo, com a juventude da nova classe trabalhadora e os jovens de alguma maneira alcançados pelos programas sociais dos governos Lula e Dilma. Também apontamos para uma juventude que exerça forte solidariedade social, como foi no próprio congresso onde lançamos a primeira jornada solidária, e que realize permanentemente atividades de convencimento popular. Tudo isso é necessário para termos uma JPT para lutar por mais transformações no Brasil e não limitada a congressos a cada dois anos.
Foi também muito importante constatar e conviver com um partido cada vez mais plural: mais negro, mais jovem, mais feminista, mais indígena, mais quilombola e mais colorido.
Um ponto necessário é atrair cada vez mais as juventudes da periferia e a juventude trabalhadora, e para dar conta desses novos desafios é que vamos organizar um Seminário Nacional de Organização da Juventude do PT para pensarmos e formularmos coletivamente.
Hoje já dialogamos em outro nível com os movimentos sociais, como a própria campanha da reeleição demonstrou. E agora, para uma agenda de mobilização permanente, temos que ampliar o engajamento dos jovens petistas na Frente Brasil Popular, na Jornada de Lutas das Juventudes e avançar para uma aliança concreta nos locais de estudo, trabalho e moradia com as organizações da Esquerda que as compõem.
Nós não queremos apenas combater o Extermínio da Juventude Negra, mas que estejamos vivos militando na Juventude do PT e fazendo do Partido dos Trabalhadores o nosso instrumento de luta, reparação, emancipação, agitação cultural e de empoderamento político e social.
De maneira alguma a Juventude Petista pode se conformar em ser uma organização simples, vanguardista e interna ao PT. Estamos popularizando essa juventude e seguiremos nessa luta por um instrumento das massas, conectado com as favelas, periferias e com o Brasil profundo. Pra dar conta desta tarefa estratégica aprovamos a realização dos conselhos políticos itinerantes da JPT, compostos pela direção nacional, as estaduais de cada região do país e os movimentos sociais para uma relação mais forte com os estados; bem como a Criação do Circula JPT, visando a construção de uma intervenção territorializada com forte diálogo com as manifestações culturais das juventudes, e arealização do II
Festival de Política, Arte e Cultura da JPT, sendo um grande espaço de integração, debate político aberto à Juventude Petista e jovens simpatizantes.
Infelizmente, é preciso registrar um fato: lamentamos profundamente a decisão de alguns de desprezar os fóruns internos do partido e não participar da plenária final. O próprio Presidente Lula, em sua fala no Ato de Abertura do Congresso, foi cirúrgico ao dizer que “É importante que vocês divirjam aqui, é importante vocês discordarem, mas vai chegar um momento que vocês vão eleger uma nova direção e um novo programa de luta, e aí não tem corrente, aí é o Partido dos Trabalhadores que vai para a rua para fazer as coisas acontecerem”. Porém, é com grande alegria que afirmamos que o 3º ConJPT consolidou uma ampla aliança de forças no partido, que consideram que o PT deve ser defendido e fortalecido para enfrentar os novos desafios. Graças à força do nosso povo, da nossa militância nos Movimentos Sociais, da combatividade dos nossos mandatos parlamentares e das realizações de nossos governos à frente do Brasil, estados, municípios, o PT segue insuportavelmente vivo.
Chegou a hora desta nova geração de Petistas,companheiros e companheiras que são filhos e filhas dos últimos anos dos governos do PT, conduzir de fato os rumos do Partido no próximo período, reafirmando e atualizando a linha do Socialismo Petista, presente nos documentos construídos pelos fundadores, cuja obra é nossa responsabilidade continuar. Nós vamos construir um grande processo de Jornadas Populares de Formação Política para a Juventude do PT, vinculando a esta uma massiva campanha de filiação, tendo como meta central atrair mais jovens para o nosso partido e, também, trabalhar na formação dos Jovens Dirigentes do PT empoderados dentro das cotas dos 20% que conquistamos.
Gostemos ou não da ideia está posto um “terceiro turno”em nosso país, fruto da ascensão conservadora e o consequente acirramento da luta de classes. Para isso precisamos de uma Juventude do PT preparada para uma prolongada disputa de hegemonia com forte capacidade propositiva e uma responsável radicalidade na construção de suas ideias e na condução das suas ações políticas.
Em 13 anos de governos do PT realizamos grandes avanços. Porém, mesmo que tenhamos vivido o maior período de desenvolvimento econômico e social de nossa história, as estruturas construídas na formação do Estado e da sociedade brasileira foram e são gestadas, em seu íntimo, ainda por uma elite que não tolera a partilha de direitos e oportunidades, na mesma proporção que deflagra o sexismo, o racismo, a LGBTfobia e o preconceito de classe. Por isso, a estrutura política do país abre um novo patamar de exigências, que aponta para reformas do Estado, a qualificação dos serviços públicos e o bem-viver. Como dissemos aos irmãos e irmãs da Juventude do Partido Justicialista da Argentina, após o resultado eleitoral desfavorável, o desafio da soberania política, independência econômica, justiça social e da construção da Pátria Grande são duros, mas seguiremosfirmes na luta. Todo o sangue pode ser uma canção ao vento.
Já temos um grande desafio pela frente: a 3ª Conferência Nacional das Juventudes do governo federal, agora no mês de dezembro. Antes de qualquer coisa é urgente fazer a defesa da Secretaria Nacional de Juventude – SNJ e de uma política que, através de uma articulação transversal no governo federal, nos faça ativar um bônus ainda insuficientemente aproveitado para transformar o nosso País: os milhões e as milhões de jovens negros e negras, pobres da periferia diariamente chacinados que guardam um gigante potencial social, econômico, cultural, político, de inteligência inestimável que não podem seguir tendo seu futuro desperdiçado nas mãos do crime ou dos aparatos de repressão a ele; e os milhões de jovens filhos das “classes” C, D e E, beneficiados pelo crescimento com inclusão social dos últimos 13 anos, e que querem mais direitos e melhores serviços públicos.
Além disso, é urgente ampliar o diálogo com as gestões estaduais de juventude, com os/as jovens trabalhadores/as, pensadores/as, empreendedores/as egressos dos programas dos nossos governos – Microcrédito, ProJovem, ProUni, Pronatec, Ifets, ReUni, Pronaf Jovem, Bolsa-Família para lares com filhos matriculados no Ensino Médio, Mais Educação, Fundeb, Ciência Sem Fronteiras, Enem, Novo Fies – para discutir soluções para a economia, para as questões sociais, para a cultura, comunicação, mobilidade urbana, segurança pública, política nas conferências e conselhos nacionais… Enfim, para discutir o país e para construir mais mudanças e mais futuro escolhidos pela sociedade brasileira em 2014.
Não saímos do Congresso 100% prontos, mas, agora, somos uma grande tribo de esquerda, democrática e popular, unificada em torno de um movimento que defende um partido de lutas e de massas e, juntos, seguiremos, com o peito aberto àqueles que quiserem se somar nesta nova forma de caminhar, com mais ousadia militante, com novas formas de organização e na luta para construir esse partido e esse novo Brasil.
Do morro ao asfalto
Da cidade ao campo
Das terras firmes aos rios amazônicos.
A juventude quer viver
A juventude quer lutar!
Jefferson Lima, Secretário Nacional de Juventude do PT