Mais uma revelação feita em matéria do site “The Intercept Brasil” na quinta-feira (12), que trouxe à tona a interferência e os interesses dos norte-americanos com a operação Lava Jato, coordenada pelo procurador federal Deltan Dallagnol e o ex-juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça do governo Bolsonaro. A notícia ganhou repercussão em um pronunciamento feito na sessão da Câmara pelo deputado federal João Daniel (PT-SE). Segundo o parlamentar, a matéria traz elementos que já se sabia que era uma questão de tempo as provas aparecerem da interferência e dos interesses norte-americanos em conluio com a Lava Jato.
“Está hoje estampada nos jornais e sites a vergonha que o mundo inteiro viu. Os advogados do presidente Lula, em nome de toda a equipe, desde o primeiro momento, denunciaram e a cada dia fica mais provado. Quero parabenizar, em nome de toda a equipe, os advogados do presidente Lula, que tiveram coragem, firmeza. Hoje está desmoralizada a quadrilha coordenada por Moro e por Dallagnol, que ganharam presente. O Moro ganhou o Ministério da Justiça”, afirmou o parlamentar.
Vida facilitada aos EUA
Conversas de procuradores do Ministério Público Federal (MPF) obtidas pelo The Intercept Brasil mostram que a operação Lava Jato colaborou secretamente com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ). De acordo com o site, a equipe brasileira facilitou a investigação dos americanos. “Os americanos não querem que divulguemos as coisas”, escreveu Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, numa conversa com um assessor de comunicação em 5 de outubro de 2015.
“Sergio Moro e Dallagnol foram os homens preparados e articulados para cumprir a missão dos americanos, das grandes corporações para a destruição da economia nacional, das grandes empresas brasileiras e, em especial, da Petrobras”, afirmou João Daniel. Segundo ele, para que isso acontecesse, era preciso tirar o governo da presidenta Dilma Rousseff e impossibilitar a participação do ex-presidente Lula do processo eleitoral de 2018.
O parlamentar relatou que, segundo o Intercept, foi pela imprensa que o então ministro da Justiça José Eduardo Cardozo soube da vinda dos investigadores para o Brasil. Pelo tratado de assistência legal mútua assinado por Brasil e Estados Unidos, chamado de MLAT, caberia a Cardozo aprovar colaboração jurídica entre os procuradores dos dois países, mas as mensagens mostram que Dallagnol queria evitar isso e assim fez, mesmo atropelando a Lei.
O procurador Vladimir Aras, responsável pela cooperação internacional na Procuradoria-Geral da República (PGR), disse a Dallagnol que o governo da presidenta Dilma ficou “indignado” ao saber da visita. Segundo o Intercept, Dallagnol convenceu Aras a limitar as informações que repassaria ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI).
Burlando a lei
De acordo com a reportagem, dias depois que os americanos partiram de Curitiba, o procurador Orlando Martello rascunhou um e-mail para os americanos, incentivando-os a conduzir entrevistas com delatores diretamente nos Estados Unidos. Dessa forma, não teriam que obedecer à lei brasileira. Para João Daniel, isso mostra que eles não apenas burlaram a lei, como incentivaram que os americanos também procedessem assim.
Na avaliação do deputado João Daniel, é necessário que o Supremo Tribunal Federal (STF) se pronuncie e que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) tome alguma atitude. Para ele, não se pode criar narrativas e justificar o descumprimento de regras, abalar o funcionamento das instituições e legitimar a subserviência e entreguismos por ódio político ao PT. “Essa matéria demonstra a gravidade que este país está. Onde determinados agrupamentos ideológicos se comportam acima da lei e afetam uma nação inteira por seus caprichos”, completou.