Os juros extorsivos praticados pelo Banco Central de Bolsonaro continuam penalizando diversos setores da economia do país. Desta vez, a vítima é o setor imobiliário, cujos aluguéis registram o maior reajuste desde 2011. De fevereiro do ano passado ao segundo mês de 2023, o valor pedido para novas locações subiu 17,05%, em média, em 25 cidades brasileiras, de acordo com o Índice FipeZap+. O índice foi puxado pela grande demanda de imóveis para alugar, já que a procura para aquisição da casa própria caiu por causa da Selic.
A disparada no preço do aluguel é praticamente dez vezes a alta registrada pelo IGP-M, o Índice Geral de Preços-Mercado da FGV, também chamado de “inflação dos aluguéis”. O instrumento é utilizado para indicar os reajustes dos contratos de aluguel. O índice teve alta de 1,86% no acumulado de 12 meses até fevereiro.
“Com a taxa de juros elevada, quem não consegue comprar um imóvel, aluga”, declarou o economista e coordenador do levantamento, Alison Oliveira. Com o desaquecimento do mercado, os preços do metro quadrado subiram, em média, 5,79% em 50 cidades avaliadas no período de 12 meses. O índice praticamente reflete a inflação do último ano.
De acordo com o economista da LCA Consultores, Fabio Romão, não há dúvidas de que a trajetória de disparada dos juros, que começou em março de 2021 até chegar aos 13,75% em agosto do ano passado, está por trás da queda progressiva na venda de imóveis.
Entre o final de 2021 e o ano passado, a taxa média de financiamento de imóveis subiu de 9,2% para 10,2% ao ano, mais TR. Trata-se do o índice de referência para a correção dos saldos devedores de financiamentos imobiliários do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).
“No médio e alto padrão, há temor de que os clientes não consigam se qualificar para a compra do imóvel, ou prefiram postergá-la”, registra matéria do Valor.
Crise de crédito
Na segunda-feira (3), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alertou para os efeitos de uma possível crise de crédito e sobre a necessidade de uma redução dos juros para evitar uma piora no cenário. “A minha impressão é que aquilo que está acontecendo no mercado de crédito, sobretudo de capitais, não está chegando ao BC. Acho que não está calibrada a informação sobre o que está acontecendo no mercado de capitais”, disse Haddad, durante entrevista à GloboNews.
“É óbvio que tem espaço, na minha opinião, para corte [da taxa Selic]”, insistiu o ministro. “Passou da hora de o Banco central reduzir a taxa de juros”, concordou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Da Redação, com Estadão