O cartunista Laerte Coutinho defendeu a descriminalização das drogas, em entrevista ao portal “Rede Brasil Atual”, publicada na quarta-feira (19). Para o artista, a mudança no Código Penal brasileiro poderá reduz a população carcerária e impedirá que a população brasileira continue sendo massacrada por uma política de combate às drogas que penaliza apenas uma parte da população.
O Supremo Tribunal Federal (STF) deve decidir nesta quinta-feira (20) se descriminaliza ou não o porte de drogas para consumo pessoal, em julgamento que teve início na quarta-feira (19).
“O fato de o STF estar discutindo o assunto é um grande passo, já que o Poder Legislativo tem se furtado dessas questões em função de acordos, alianças e outros recursos do jogo político e tem deixado essa responsabilidade para o Judiciário”, afirmou o cartunista.
Laerte acredita que a medida, caso seja aprovada, irá também diminuir uma série de fatores que geram tensões e criminalidade. Para ele, quando se mantém cadeias lotadas com pessoas que estavam com um “cigarro de maconha no bolso”, o país acaba gerando mais motivação criminosa.
Ao ser questionado se o Brasil está maduro para descriminalizar o porte de drogas para uso próprio, o artista foi enfático ao afirmar que os brasileiros não estão prontos é para continuar sendo massacrados.
“Essa discussão tem de gerar uma resposta positiva, não é liberar e pronto. Tem de ter critérios, atenção, não equivale a abandonar qualquer tipo de cuidado, é preciso investir e certamente vai exigir investimentos mais ou menos vultosos na área de saúde”, explicou.
“A experiência internacional tem mostrado que isso dá certo, que diminui o uso mesmo, diminui a criminalidade”, completou.
Laerte falou sobre as manifestações conservadoras do domingo (16) frente à chacina de Osasco e Barueri, em São Paulo, que o motivou a publicar uma charge em que manifestantes tiram selfie com policiais violentos.
“Quando estou produzindo uma charge eu não estou produzindo um ensaio alentado e meticuloso sobre a realidade, eu estou apontando com precisão e até com intensidade poética uma contradição, uma determinada tensão, e estou procurando com aquilo essa nova reflexão”, disse.
Para ele, essas pessoas estão querendo dizer várias coisas com esses atos, mas o que está implícito é a ideia de que essa manifestação não leva “cacete” da polícia. E aproveitou para dizer que só essa visão da polícia é irresponsável em relação aos problemas da corporação.
“Não estou dizendo que todo policial é violento ou é corrupto, certamente dentro da corporação existe muita gente digna e profissionais competentes, mas que a polícia paulista está ligada ao mais alto índice do país de mortes em confronto é um fato também”.
Para finalizar, ele afirmou que a opinião pública encara a vítima civil da violência policial como supostamente um bandido. “Em princípio essa pessoa é um bandido, sem julgamento, sem acareação, sem provas, sem coisa nenhuma. Se a polícia matou é porque alguma coisa estava fazendo. Essa naturalização da violência é uma das coisas que compõem o ideário desse povo que estava na manifestação da Paulista”, concluiu.
Da Redação da Agência PT de Notícias