Chegamos a mais um 8 de março. Devemos e podemos comemorar muitas conquistas para as mulheres, lembrando que batalha, luta, organização, ainda, são as nossas palavras de ordens.
O machismo e o conservadorismo da sociedade brasileira reverberam a todo instante e em todos os lugares na vida das mulheres. Quando nascemos somos, do sexo feminino ou sexo masculino, iguais nas competências, nos potenciais. O que significa que ser mulher ou homem é uma construção social. A cultura do que é ser mulher e homem invisivelmente direciona a vida, especialmente a nossa.
Há um roteiro comum a ser seguindo para as relações humanas, onde as mulheres, sob a ótica deste roteiro, são sempre a parte frágil, que precisa de cuidado, e cujos direitos podem ser desrespeitados. A sua ascensão aos cargos de poder e decisão, por exemplo, pode ser protelada porque, neste roteiro, o normal é o direito dos homens ocuparem tudo. A desigualdade é quase um sinônimo de igualdade na sociedade atual. Ela existe, mas não é vista como problema a ser resolvido. Já está.
É como se fosse uma lei natural, as mulheres são maioria numérica na sociedade, mas não ocupam espaços significativos em qualidade e quantidade porque é próprio do homem estar nesses espaços. Temos avançando no desafio de desconstruir essas conveniências, mas o caminho a ser percorrido pelas mulheres ainda é longo em busca dos seus direitos e justiça.
É nesse contexto que a Reforma Política vem como a mais importante de todas. Uma democracia verdadeira, com justiça social e participativa, deve ser uma construção de todas e todos na vida diária de cada um e uma. A inclusão das mulheres na política de forma plena, total, deve ser linha mestra dessa discussão. Para isso é fundamental que a Reforma Política garanta o financiamento público de campanha para as candidaturas, como meio de assegurar mais igualdade de oportunidade. Também é necessário assegurar a participação popular ampla na discussão das decisões do parlamento, para garantir que os interesses coletivos prevaleçam sobre os pessoais e corporativos.
A democracia brasileira deve às mulheres a sua participação efetiva. Queremos um parlamento com 50% de mulheres e 50% de homens. A paridade é a nossa maior bandeira. Garantir esse direito numa sociedade em que o machismo, o conservadorismo ainda tem raízes profundas, com certeza resultará numa revolução na vida das mulheres e do povo brasileiro.
Manter a laicidade dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário é outro desafio que se apresenta não só a nós mulheres neste momento, mas à sociedade de um modo geral. A liberdade de credo, religião e etc. deve ser pessoal, assim como a vivencia dos preceitos religiosos. Ela não pode ser determinada, direcionada ou cerceada pelo Estado ou por quem não comunga dos mesmos valores. A liberdade individual de escolha, em todos os campos da vida, é um valor maior na construção da democracia e deve ser assegurado como tal.
Uma constituinte exclusiva para a discussão da Reforma Política é a garantia de um processo mais democrático de elaboração não só de uma nova lei, mas de uma nova lei que contemple o desejo da maioria da sociedade. Por isso, lutamos pela sua instalação.
Ouso fazer um chamamento a todas as mulheres brasileiras: unamo-nos na luta pela Reforma Política, pela liberdade de escolha, contra o racismo, pelo fim do machismo e de toda forma de preconceito que trata o diferente como inferior.
A batalha nos espera, venham todas!
Laisy Morière é secretária nacional de Mulheres do PT