A Lava Jato sempre foi um projeto de poder do juiz Sérgio Moro, o que se confirma agora com a indicação dele para ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PSL). A análise foi feita pelo líder do PT na Câmara, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), nesta quinta feira (8), logo após visitar o ex-presidente Lula, mantido como preso político há 216 dias na Polícia Federal em Curitiba. O ex-candidato a presidente Guilherme Boulos (PSOL) acompanhou Pimenta na visita.
A isenção que deveria caracterizar o trabalho de um juiz jamais orientou a atuação de Moro contra Lula, apontou Pimenta. “O presidente Lula tem a compreensão de que está aqui como preso político e essa compreensão foi muito reforçada com esse convite ao juiz Sérgio Moro para assumir o Ministério da Justiça, antes mesmo da Eleição, o que demonstra a isenção na verdade sempre foi uma grande farsa”, afirmou.
Pimenta relatou que Lula está bem física e espiritualmente. “As visitas a ele são sempre inspiradoras. As palavras dele para nós são de incentivo, para que as pessoas não se sintam acuadas nesse momento difícil que o País está vivendo”, disse. A prisão de Lula desafia nossa capacidade de organização para darmos uma resposta em defesa da democracia, da soberania nacional e dos direitos dos trabalhadores, avaliou o deputado.
Boulos comentou, na entrevista coletiva, a ameaça do governo recém eleito de enquadrar como terroristas os movimentos sociais que lutam por terra e moradia. “Isso é um descalabro de pessoas autoritárias. Movimentos sociais são responsáveis por muitas conquistas na história em termos de democracia e direitos”, afirmou.
Qualificar as lutas sociais como terrorismo revela incapacidade de conviver democraticamente, disse o líder do MTST. “Atuo há 16 anos no MTST. Conheço uma senhora de 70 anos de idade que trabalhou a vida inteira sem conseguir comprar uma casa própria e gastava metade da aposentadoria com aluguel e por isso foi para uma ocupação”, afirmou.
É impossível acabar com movimentos sociais por decreto, ressaltou Boulos. “Querem acabar com o MTST? Só tem um jeito: construam 6 milhões de casas para todos os sem teto desse País”, disse.
Por Luis Lomba, de Curitiba para a Agência PT de notícias