Desde o início do processo criminal contra o ex-presidente Lula, suspeitávamos que se tratava de uma estratégia desenhada para inviabilizar o acesso à disputa eleitoral ao candidato cujas pesquisas apontavam como nome mais seguro à Presidência do Brasil nas eleições de 2018.
As revelações que surgiram posteriormente, em especial durante os últimos meses, confirmaram o fato de que Lula foi criminalizado por motivos políticos, mais do que por questões puramente jurídicas.
O encarceramento do presidente e sua atual permanência na prisão escancaram que houve no Brasil uma ruptura de um sistema verdadeiramente democrático de Estado.
Acredito firmemente que em nenhum país ou sob nenhum sistema, uma pessoa deva ser perseguida, criminalizada, atacada por suas posições políticas. É um direito universal do homem ter liberdade de opiniões políticas, desde que essas ações, ideias, posturas não gerem manifestações de ódio, xenofobia, discriminação ou perseguição de outros indivíduos.
Da minha modesta posição pessoal e considerando-me amigo do presidente Lula da Silva, me solidarizo com todos os homens e mulheres que no mundo sofreram e sofrem perseguição e assédio por defenderem sem violência suas ideias a respeito da sociedade e do mundo.
Por ocasião da visita que pude lhe fazer em seu cárcere na Polícia Federal de Curitiba, encontrei um Lula animado, lutador, convencido de suas razões, disposto a permanecer na prisão até que possa sair como um homem livre. E confiante de que, mais cedo ou mais tarde, a justiça desempenhará o papel que lhe cabe.
Leonardo Padura, escritor.
Curitiba, 15 de agosto 2019
Por Blog da Boitempo