O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), criticou duramente o presidente Jair Bolsonaro, nesta segunda-feira (25), pela sucessão de ataques aos direitos da população brasileira em menos de três meses no Palácio do Planalto. Em sua opinião, a mais grave investida contra o povo — a proposta de Reforma da Previdência (PEC 06/2019) — deverá ser rejeitada pelo Congresso, em consequência da mobilização popular em todo o País e também da reação da base governista, que tem expressado críticas à PEC de Bolsonaro.
Pimenta destacou a sucessão de trapalhadas e idas e vindas de Bolsonaro em diferentes assuntos e afirmou que o atual presidente praticamente já destruiu seu capital político, não tendo “mais autoridade” para aprovar nenhuma matéria no Congresso. Para o líder, o atual governo é “incapaz de fazer uma articulação política, que é a arte de dialogar e fazer composição”.
Governo trapalhão
O líder do PT comentou que Bolsonaro, seus filhos e seus ministros retroalimentam a crise política. “Uma hora é o líder do governo que sai de reunião com o presidente da República atacando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, outra hora é o filho do presidente”. Se não bastasse isso, até o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, resolveu atacar os políticos no fim de semana com a intenção de pressioná-los a aprovar a Reforma da Previdência.
Pimenta brincou que o governo é tão trapalhão que em alguns momentos a sua base parlamentar causa dificuldades para a oposição atuar. “Eles dizem tantas asneiras, tantas bobagens a respeito do governo de que fazem parte que muitas vezes o meu papel é ficar assistindo de camarote o governo se desintegrando sozinho”, ironizou.
Reforma do mercado
Para o líder do PT, não se vislumbra solução de curto prazo. Pimenta lembrou que nos 28 anos em que atuou como deputado, Bolsonaro sempre foi contra a Reforma da Previdência. No ano passado, não falou disso para os eleitores, mas prometeu a reforma para o mercado financeiro e para o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Bolsonaro é refém de seu discurso: prometeu o que não pode entregar”, comentou o parlamentar.
Pimenta também criticou Bolsonaro por tentar convencer a população de que faz parte de uma suposta “nova política”. O líder lembrou que o presidente atuou durante 28 anos como deputado federal e ainda colocou três filhos na política, “todos enriquecendo” com a atividade.
Segundo o líder petista, a família Bolsonaro devia é explicar suas ligações com o Fabrício Queiroz, ex-assessor do atual senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) que é acusado de movimentações milionárias em suas contas sem comprovação de renda. Para Pimenta, a família Bolsonaro também devia explicar as suspeitas de envolvimento com milícias no Rio de Janeiro e com o ex-PM Ronnie Lessa, acusado de assassinar a ex-vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, há pouco mais de um ano.
O líder criticou também a inoperância da Justiça do Rio de Janeiro, que até hoje não tomou depoimento de Queiroz e não quebrou seu sigilo bancário para apurar detalhadamente suas operações financeiras suspeitas que foram detectadas pelo Coaf ( Conselho de Controle de Atividades Financeiras). “Queiroz foi denunciado no dia 15 de dezembro e até hoje não foi ouvido. Há uma seletividade da Justiça”, disse o líder do PT.