As declarações do futuro secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, nesta quinta-feira (8), demonstram o perfil arcaico de algumas lideranças ruralistas brasileiras alinhadas ao Governador eleito João Dória.
Ao classificar a reforma agrária como “obsoleta” e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) como “terrorista”, Junqueira, antes mesmo de tomar posse, demonstra uma visão criminalizada da política, repleta de preconceitos, e pouca disposição para o debate sobre políticas públicas.
As políticas de apoio a Reforma Agrária desenvolvidas pelo Estado de São Paulo desde o governo Franco Montoro sempre foram referência para o desenvolvimento rural brasileiro. O Governador Mário Covas era interlocutor direto do MST e defendeu o assentamento de famílias sem-terra nas terras públicas estaduais como forma de alavancar a produção de alimentos. Para isso, fortaleceu a atuação da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP) que, além de promover o desenvolvimento das famílias assentadas, faz o trabalho de interlocução com os movimentos sociais, consolidando espaços democráticos de mediação.
O MST se organizou no mesmo contexto de redemocratização do país que levou às ruas a Campanha das Diretas Já. Como um movimento pacífico de luta pela terra, o MST hoje é polo dinamizador do campo brasileiro e reúne mais de 100 cooperativas, 96 agroindústrias, 1,9 mil associações e 350 mil famílias assentadas pelo país.
E mais, agricultores familiares e assentados da reforma agrária são os dois principais grupos responsáveis pelo aumento da produção de alimentos orgânicos no Brasil, que ultrapassa atualmente os 750 mil hectares. Assim, o MST além de ser legítimo ator democrático, é responsável pela produção de alimentos saudáveis.
A Liderança do Partido dos Trabalhadores (PT) na ALESP condena os ataques do futuro secretário, se solidariza com o MST, e será porta-voz das denúncias contra as perseguições, os assassinatos e a criminalização dos movimentos populares na cidade e no campo.
Por Beth Sahão, líder do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo