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Lindbergh: BC poderia ter atuado preventivamente para conter dólar

“Durante o governo Bolsonaro o BC interveio no câmbio 127 vezes, e durante o governo Lula até hoje tinha feito só duas”, lembrou o deputado, na tribuna da Câmara, na quinta-feira (19)

Bruno Spada / Câmara dos Deputados

“O que aumenta a dívida pública são os juros", afirmou Lindbergh, na tribuna da Câmara

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou, durante pronunciamento da tribuna da Câmara Federal, nesta quinta-feira (19), que o recente movimento de aumento do valor do dólar frente ao real, é motivado em parte por condições sazonais de final de ano, mas também por uma intensa especulação financeira. Segundo o parlamentar, que também é coordenador da Frente Parlamentar Contra os Juros Abusivos, o Banco Central – ainda sob o comando do presidente Roberto Campos Neto – poderia estar atuando há mais tempo não apenas intervindo no câmbio para impedir a desvalorização do real frente ao dólar, como também trabalhando pela queda da taxa de juros.

Sobre o aumento do valor do dólar, que chegou nesta quinta (19) a R$ 6,30, o parlamentar destacou que bastou uma intervenção realizada pelo Banco Central para derrubar esse recorde para R$ 6,10, em apenas um dia. “E pode cair mais”, disse o petista.

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Eleição nos EUA

O parlamentar explicou que, desde a eleição de Donald Trump, o dólar tem aumentado em todo o mundo, devido à imprevisibilidade sobre como o governo dos Estados Unidos irá atuar em relação a seus parceiros econômicos e comerciais. Lindbergh ressaltou ainda outro fato típico que ocorre no final do ano e que contribuiu para a alta do dólar no Brasil: a remessa de lucros e dividendos de empresas multinacionais para o exterior, causando escassez da moeda no País.

“Nesse mês saíram quase US$ 8 bilhões do Brasil. E não era investimento. Sabe o que era? As filiais fazendo remessas para as matrizes no exterior. É um fenômeno que acontece todo mês de dezembro”, detalhou.

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Especulação

No entanto, o parlamentar atentou para um movimento de especulação com a moeda norte-americana, que testou a capacidade do Banco Central de intervir para acalmar o câmbio. Segundo ele, nesse quesito a gestão de Roberto Campos Neto falhou à frente do BC ao não intervir vendendo dólares no mercado a valor mais baixo para reduzir a alta do moeda norte-americana.

“O mercado de títulos (da dívida pública), atrelado ao câmbio, cresceu muito no Brasil. Aí eles (especuladores) vão testando o mercado. Quando o dólar sobe, eles ganham dinheiro. Só que hoje entrou o BC e fez uma venda de US$ 8 bilhões, tirando das nossas reservas que são US$ 380 bilhões. E o dólar caiu, porque isso é natural. O que vinha acontecendo é que o Banco Central, com o Roberto Campos Neto, vinha cruzando os braços. Durante o governo Bolsonaro o BC interveio no câmbio 127 vezes, e durante o governo Lula até hoje tinha feito só duas (intervenções). Quando o cara (especulador) vê isso (o BC intervir) pensa duas vezes (em especular), porque não dá para ir contra o BC”, explicou.

Novo rumo do BC

O petista ressaltou, no entanto, que espera que o Banco Central mude sua estratégia de atuação a partir da posse do novo presidente do banco, Gabriel Galípolo, a partir de janeiro de 2025.

“Estou convencido que essa questão do câmbio é central, que o Gabriel Galípolo, próximo presidente do BC, tem uma estratégia (para enfrentar a especulação com o dólar). Porque isso pega (influencia) nos (preços dos) alimentos, no preço da carne, pega na vida das pessoas”, apontou.

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Equilíbrio Fiscal

O deputado Lindbergh Farias disse ainda que, diferentemente do que a oposição e grande parte do mercado diz, o Brasil tem apresentado números que comprovam equilíbrio fiscal, aliado a indicadores socioeconômicos favoráveis. Segundo o parlamentar, também é falsa a narrativa de que o dólar subiu por conta de um descontrole das contas públicas.

“A discussão que se diz é que o dólar subiu pela questão fiscal. Que o ‘governo está gastando muito’. Pessoal, não tem inverdade maior. No ano passado o governo teve um déficit primário de 2,1% do PIB, ou R$ 230 bilhões, se considerarmos os precatórios. Se tirar precatórios, cai para R$ 140 bi. Sabe o que está acontecendo? Esse déficit vai cair esse ano para 0,25%, ou R$ 40 bilhões. Dos países do G-20 (maiores economias do mundo), o Brasil está entre os 3 países que mais fizeram esforço fiscal, mas parece que eles (mercado financeiro) ignoram o que foi feito. Ninguém do mercado (financeiro) bate palma”, ironizou.

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Responsabilidade fiscal

Ainda como exemplo da responsabilidade fiscal do governo, Lindbergh Farias apontou que o déficit vem caindo em percentual abaixo do que a maioria dos países do G-20. Ele esclareceu que nenhuma grande economia apresenta superávit, até por uma questão estrutural advinda desde a pandemia da Covid-19. Ele citou que a Alemanha possui déficit de quase 3% de seu PIB, a China 6% e Estados Unidos 4%. “Aí aqui parece que tem que resolver o problema de uma vez só. Tudo é um processo. O que estamos fazendo, entregando, é muita coisa. Então esse discurso (de descontrole fiscal) é falso”, cravou.

O petista ressaltou que, nem mesmo a aprovação da Reforma Tributária, que vai tirar o Brasil de um dos modelos fiscais mais atrasados para um dos mais modernos no planeta, consegue animar o mercado financeiro. “Eu tenho essa convicção, do jeito que está armado, tudo o que (o governo) apresentar é pouco”, revelou.

Taxa de Juros

Em relação à taxa básica de juros, o deputado Lindbergh Farias também destacou que o Banco Central precisa mudar sua estratégia de atuação. Segundo ele, além de exagerado, o aumento da taxa de juros também joga contra o esforço do governo para ajustar as contas públicas.

“O que aumenta a dívida (pública) são os juros. Os senhores sabem quanto já pagamos (de juros da dívida) de outubro de 2023 a outubro de 2024? R$ 869 bilhões. De novo, qual é o déficit primário (receitas menos despesas do governo) desse ano? R$ 40 bilhões. O déficit nominal (que inclui juros da dívida e déficit primário) é de mais de R$ 860 bilhões. E aí me dói o coração porque cada 1 ponto percentual de aumento de juros corresponde a R$ 55 bilhões a mais (de pagamento de juros pelo governo). E além do 1% a mais que tivemos agora, temos mais 2% definidos lá pela Ata do Copom (Conselho de Política Monetária do BC) para o próximo ano. Serão R$ 165 bilhões a mais (com pagamentos de juros) ”, lamentou.

Para finalizar, o petista destacou ainda que, nesta semana, ficou claro que grande parte do setor financeiro realizou uma política de “cerco ao governo Lula”, sem motivo algum.

“Qual é a base disso? Nenhuma. A economia que o mercado dizia que ia crescer apenas 0,8% em 2023, cresceu 3,2% (do PIB). Esse ano vamos crescer 3,5%. O Desemprego recuou a 6,2%, a menor taxa desde 2012. A renda, que é dinheiro no bolso do trabalhador, cresceu 11%. Oito milhões saíram da miséria. Por isso eu digo, tem o Brasil real e outro fictício onde querem arrumar uma crise”, criticou Lindbergh Farias.

Do PT Câmara