Alvo de ataques bolsonaristas após noticiar a contratação de disparos em massa durante as eleições, a jornalista Patrícia Campos Mello está lançando o livro “A Máquina do Ódio”, em que relata a campanha de destruição de reputações amparada por fake news e financiada por empresas.
Em 2018, a repórter da Folha de S.Paulo colocou os holofotes sobre o gabinete do ódio. Ao canal do YouTube Tutaméia, ela relembrou como a matéria surgiu: “O que eu tinha era que os caras estavam todos informados de que não podiam mais fazer nenhum serviço de disparos em massa, porque tinham recebido uma mega encomenda de disparos para a semana anterior ao segundo turno. Disparos contra o PT, pagos por empresas. A matéria era isso.”
Na época, o disparo em massa não era ilegal, exceto se não fosse declarado, alguma empresa pagasse ou se baseasse em ataques e mentiras – exatamente como a campanha de Bolsonaro fez.
Foi então que o livro que Patrícia Campos Mello começara a escrever em maio daquele ano mudou de abordagem. Deixou de ser a respeito da campanha de desinformação promovida pelo populismo de direita nos EUA, na índia e no Brasil e passou para um relato mais pessoal. Como diz o subtítulo da obra, tratam-se de “notas de uma repórter sobre fake news e violência digital”.
Patrícia passou a ser ela mesma alvo de notícias falsas e difamações desde que publicou a matéria. Fake news inventaram uma foto dela com Haddad e uma condenação a pagamento de indenização a Bolsonaro. Na CPI das Fake News, uma testemunha, Hans River, acusou-a de ter se insinuado sexualmente para obter informações – mentira que foi espalhada por Eduardo Bolsonaro. Além disso, Jair Bolsonaro também ofendeu Patrícia com trocadilhos sexuais.
A autora do livro, publicado pela Companhia das Letras, fala em um ecossistema que mantém a máquina de ódio disposta a arruinar reputações: “São os caras, assessores do Bolsonaro, mais os blogs de direita, mais os legisladores, mais o próprio Bolsonaro, mais pessoas de carne e osso. Esse ecossistema é uma máquina do ódio.”