O Brasil atingiu um grau de destruição em todos os setores, na contramão do rumo que o Brasil alcançou nos últimas décadas, advertiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista com o ex-ministro da Educação Fernando Haddad. Na conversa, Lula aponta para a necessidade de o país superar o atual governo, retomar o desenvolvimento, com investimento do Estado, e a importância da educação, da ciência e da tecnologia.
“Assusta a mim, profundamente, o grau de destruição, não apenas da educação, mas de comportamento, da ordem pública, do respeito às pessoas, do jeito carinhoso que nós costumávamos ter”, disse Lula. “Nós éramos o povo mais alegre do mundo, mais otimista do mundo, era gostoso ser feliz”, lembrou. “O Brasil deu certo quando confiamos no povo brasileiro”.
Para o ex-presidente, “Bolsonaro não gosta de educação, não gosta de escola, não gosta de jovem”. Ele avalia que o recém demitido ministro da Educação, Abraham Weintraub, é um dos exemplos mais trágicos do retrocesso do governo Bolsonaro. Agindo com grosseria e rancor, Weintraub “interrompeu o processo de ascensão do país na educação”, destacou Lula. “Ele jamais poderia ser ministro da Educação”, constata.
Na conversa, Lula defendeu que “governar significa cuidar do povo”. Mas, segundo ele, isso não acontece por ausência de decisão política, questionando o papel do mercado e dos empresários. “O governo não fala em desenvolvimento, em geração de emprego”, diz, destacando que o ministro Paulo Guedes “só sabe falar em privatização”. Para Lula, se o governo abre mão de seu papel na condução do país, “que contratem um gerente de banco”, ironizou.
Lula defende devolver o poder aquisitivo ao povo para garantir a demanda e fazer a economia crescer. Para ele, o Estado tem o poder de usar o dinheiro do Tesouro para produzir ativos rentáveis. “E o melhor ativo é dinheiro não mão do povo”, diz. “Dê 10 reais a um pobre, ele vai pegar esse dinheiro e vai comprar coisa levar para e comer; dê um milhão para um rico, ele vai abrir uma conta bancária, e viver de dividendos”, afirma.
Para Lula, concordando com a avaliação de Haddad, faltou comando do goevrno federal no combate à pandemia, que atinge um milhão de contaminados e cinquenta mil mortes. “O governo não agiu corretamente”, diz ele, citando os ataques e provocações aos governadores “que transformou em inimigos”, e a quem mais buscava enfrentar a Covid-19.
Comparando com a derrota de 7 a 1 para a Alemanha, e a indicação de um general para o ministério da Saúde, sem conhecimento da saúde pública, Lula afirmou que o governo não se preparou para cuidar do povo. Ele também criticou às dificuldades impostas pelo governo para liberar os recursos necessários para que as pessoas tenham condições de cumprir o isolamento social.
Da Redação