Com esperança, amor e brio, milhares de pessoas aguardavam a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à sede da Polícia Federal em Curitiba, na noite do último sábado (7). O ex-presidente vinha de São Bernardo do Campo, após um dia que já entrou para a história do Brasil.
Quem aguardava em vigília a chegada de Lula, na companhia de amigos, de companheiros de luta, de pai, de mãe, de filhos, cantava, gritava que Lula vale a luta, que ele não está sozinho. Estavam, apesar dos pesares, sorrindo, em luta e em esperança, tirando alegria sabe-se lá de onde, tirando força da própria fé.
Ninguém entendeu quando, no momento de mais paz e energia, na chegada do helicóptero ao prédio da PF, quando só se gritava Lula, começaram a chover bombas no meio das pessoas, das famílias, das rodas abraçadas.
Primeiro, bombas de efeito moral, aquele barulhão, as primeiras crianças começando a chorar. Depois, as bombas de gás, e daí as pessoas já correndo, ainda sem entender. As bombas não paravam, que eu contei foram dez, só bombas e pessoas correndo.
O que se narra foi amplamente registrado, já está aí, disponível. Será catalogado. Entrará para a história, como mais uma calamidade. Algo do que se registrou segue abaixo.
Quando todos se afastaram mais de um quarterão de onde estavam, ainda mal conseguindo abrir os olhos ardidos, chegaram viaturas da Polícia Militar do Paraná, sirenes ligadas, policiais descendo de capacete, escudo, armas. Fizeram um cordão, e toda a gente atônita.
Foi-se entendendo. Eles queriam as pessoas mais longe, um quarterão mais longe. Um juiz plantonista tinha deferido um interdito proibitório, para impedir “
Então, quando Lula estava chegando, sem qualquer prévio aviso, a Polícia Federal achou por bem fazer valer seu interdito contra os que gritavam por Lula. O fez valer à base de bomba, de balas de borracha, nas mulheres e homens desavisados.
Fizeram, os policiais, seu novo cordão de isolamento, sem que nenhum manifestante reagisse usando qualquer coisa mais do que a própria voz. Pra que tudo aquilo?
Alguns parlamentares do PT já estavam por ali, também tomaram bombas, outros foram chegando, Marco Maia, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias, Décio Lima, Ana Paula Lima. Em seu entorno foram se aglomerando as pessoas, ainda sem entender direito, querendo ajuda, proteção, justiça.
Os parlamentares foram tomando pé da situação e dela tomando conta. A violência policial que parasse ali mesmo. Conversaram com os chefes do policiamento, informaram a eles, às pessoas que ali estavam e a todos que os ouviam em transmissões de internet, que liam o que já descreviam em seus veículos os jornalistas que ali presenciaram tudo:
Lula não vai ficar sozinho.
Os direitos fundamentais de reunião, de expressão, de ir e vir, de livre manifestação do pensamento continuarão a ser exercitados nos arredores da Polícia Federal em Curitiba, enquanto Lula lá estiver. Que seja para além do quarterão do tal interdito. A uma distância em que as vozes que apoiam Lula poderão ser ouvidas dentro do prédio da Polícia Federal em Curitiba. No Brasil e no mundo todo.
Por Vinícius Segalla, em Curitiba, da Agência PT de Notícias.