Incumbido de criar narrativa que atenda ao desejo de Sérgio Moro e do Ministério Público Federal de associar Lula ao sítio de Atibaia, o empresário Léo Pinheiro, da OAS, é sempre usado como “prova” durante os depoimentos do caso – ainda que nada do que diga tenha relevância ou materialidade.
Na quarta-feira (14) não foi diferente e o procurador Athayde Ribeiro Costa tentou associar suposto elogio do empresário como prova de crime contra Lula. “Você foi muito importante para o Léo Pinheiro. Como foi isso?”, questionou. A resposta de Lula foi mais do que suficiente para enterrar a tese descabida do MPF de que, se o empresário gosta do ex-presidente, é porque o imóvel é dele. A resposta de Lula, na verdade, foi uma aula.
“Sem falsa modéstia, todos os empresários deveriam gostar muito de mim. Eu nunca tive coragem de perguntar se eles tinham votado em mim alguma vez. Acho que nenhum votou em mim porque para votar tinha uma questão de pele e aí o Lula já não cabe mais. Mas todos me tratavam com respeito. Todos. Do maior produtor de açúcar e álcool ao maior construtor civil ou ao maior dono de banco do Brasil todos me tratavam com muito respeito porque eles viveram no meu governo o momento de ouro deste país”, esclareceu Lula, que deixou o Palácio do Planalto com mais de 85% de aprovação popular, a maior já registrada para um presidente.
O procurador ainda tentou argumentar que a resposta não era suficiente e acabou por ouvir um pouco mais sobre as razões de Lula ter o respeito da elite do país durante os seus governos – esta mesma elite que agora tenta incriminá-lo por crimes que jamais cometeu.
“O Brasil nunca teve tanta credibilidade no exterior, nunca foi tão orgulhoso de ter passaporte brasileiro no exterior, nunca se gerou tanto emprego. E eu agora fico com pena de ouvir que tem brasileiro indo para Portugal procurar emprego. No meu tempo as pessoas voltavam de Portugal, voltavam do Japão para trabalhar aqui no Brasil de tanto emprego que a gente gerou. Foram 20 milhões de empregos.
Na verdade, prossegue Lula, todos os empresários “deveriam me agradecer pelo momento que o Brasil viveu no meu governo. Então, gostar de mim eu não diria que era obrigação, mas era um dever deles”.
Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias