A omissão do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia no país foi alvo de duras críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista à rádios de Feira de Santana e do interior da Bahia, nesta sexta-feira, Lula lamentou as perdas de 91 mil brasileiros para o novo coronavírus. Segundo o consórcio de veículos de imprensa, o país contabiliza 91.607 mortes e 2.625.612 casos de Covid-19. Na entrevista, Lula também condenou o que considera uma naturalização da tragédia brasileira.
“É um verdadeiro genocídio. Isso não pode ser naturalizado. A morte não pode doer só quando chega na casa da gente”, disse o ex-presidente. “Isso não mexe com o coração das pessoas, as pessoas ficam apostando quantos vão morrer amanhã, ou depois de amanhã, até que chega em nossas casas e mata um dos nossos”, observou Lula.
Para o ex-presidente, Bolsonaro dá um péssimo exemplo para a população brasileira e para o mundo. “O presidente da República estimula a anarquia, estimula o desrespeito, estimula a desobediência, porque parece que ele é dono daquela empresa que fabrica a cloroquina, aquele remédio para a malária que ele teima em dizer que salva, mas que a ciência mundial, que o mundo diz que não serve para curar o coronavirus”, atacou Lula.
Parece que o governo não se preocupa com os problemas do povo brasileiro. O Bolsonaro se preocupa primeiro em resolver os problemas dele, dos milicianos dele, da família dele
Ele responsabilizou Bolsonaro pela quadro grave de crise sanitária. “Nós temos um presidente da República que ao invés de estimular a sociedade para se cuidar, para evitar de pagar o coronavírus, ele estimula as pessoas a sair ás ruas, a não usarem máscaras, estimula a irresponsabilidade, estimula abrir o comércio, abrir um monte de coisa, sem informar ao povo de que se não se cuidar corre o risco de ser infectado”.
Segundo Lula, o país é vítima de um governo fracassado na gestão do país, em especial por causa da desastrosa política de Paulo Guedes, que deixou a economia em frangalhos. “Nós vivemos uma crise sanitária muito séria, talvez a mais grave que já vivemos no Brasil”, definiu Lula. “Também uma crise econômica, parte pela existência da coronavírus, e parte pela irresponsabilidade com que o governo trata a economia, porque a economia já vinha ruim antes do coronavírus. E temos uma crise de governabilidade”, avaliou.
De acordo com o ex-presidente, Bolsonaro deveria priorizar a condução do país na crise. “Parece que o governo não se preocupa com os problemas do povo brasileiro. O Bolsonaro se preocupa primeiro em resolver os problemas dele, dos milicianos dele, da família dele”.
O presidente da República estimula a anarquia, estimula o desrespeito, estimula a desobediência, porque parece que ele é dono daquela empresa que fabrica a cloroquina, aquele remédio para a malária que ele teima em dizer que salva, mas que a ciência mundial, que o mundo diz que não serve para curar o coronavirus
A cruzada de Bolsonaro contra a ciência também foi alvo de críticas do líder petista. “Se o presidente Bolsonaro tivesse feito aquilo que o governador Rui Costa fez na Bahia, ou que o que os governadores do Nordeste fizeram .. Ou seja, você reúne os especialistas, os secretários de Saúde, você decide conjuntamente o que fazer, e toma uma atitude centralizada, para que você possa centralizar a construção dos hospitais de campanha, as compras de equipamentos, de UTIs, dos remédios, respiradores no exterior”, comparou Lula.
“Bolsonaro desprezou tudo isso, depois desprezou o coronavirus, disse que não existe, que se existisse era uma febrezinha, que não ia matar ninguém, apenas um grupo de pessoas velhas”, criticou. “Quando na verdade, nós estamos vivendo um genocídio no país, são 91 mil mortes, são dois 2,5 de pessoas infectadas. Só ontem foram mil e poucas pessoas que morreram”, lamentou.
Vacina
“Isso poderia ter sido evitado, a gente poderia ter menos mortes, a gente poderia ter mais tranquilidade de enfrentar esse vírus desconhecido”, declarou o ex-presidente. “A verdade nua e crua é que nós só vamos conseguir resolver esse problema quando tiver a vacina. E a vacina, a tese mais promissora, é que comece a experimentar a primeira a partir do ano que vem. Para ter uma vacinação em massa vai demorar um tempo ainda”, previu.
Lula também defendeu a manutenção das medidas de proteção recomendas pelas autoridades da Organização Mundial de Saúde (OMS), como o distanciamento social e o uso de máscaras. “O que é importante, quando não tem remédio, o melhor remédio é se precaver, ficando no isolamento. Quando você tem, e precisa trabalhar, você tem que ter álcool, usar máscaras, o local de trabalho tem que ser higienizado, o ônibus tem que ser higienizado, as pessoas tem que tomar conta umas das outras”, recomendou.