Partido dos Trabalhadores

Lula: “Há um jogo especulativo contra o país. Não é normal o que está acontecendo”

Em entrevista à Rádio Sociedade, presidente falou sobre a alta do dólar, criticou a política do Banco Central e destacou feitos e números do seu governo.

Ricardo Stuckert

Um dos temas da entrevista foi a abertura de 145 novos mercados externos para o agro brasileiro em 18 meses

Na manhã desta 3ª feira (2), o presidente Lula concedeu uma entrevista à jornalista Silvana Oliveira, da Rádio Sociedade, em Salvador (BA), na qual abordou temas que vão da defesa da aplicação de recursos na área social à luta contra o fascismo, da inclusão de minorias a investimentos federais na Bahia. Ele também comentou dois assuntos que vêm dominando a pauta dos jornais.

O primeiro é a alta do dólar. “Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o Real nesse país. Não é normal o que está acontecendo”, destacou, apontando os verdadeiros responsáveis e lembrando que é inadmissível culpar falas presidenciais por flutuações cambiais.

Lula criticou igualmente a atual gestão e o modelo de autonomia do Banco Central, comandado pelo bolsonarista Campos Neto: “Bacen é um banco do Estado brasileiro, para cuidar da política monetária”. E afirmou que as decisões tomadas e a taxa de juros precisam considerar as necessidades do país, não apenas os interesses do mercado. No entanto, frisou que no momento não pode fazer nada a respeito, pois o presidente do BC “tem um mandato”.

Sem arrocho sobre os pobres

Na conversa, Lula defendeu os investimentos sociais e afirmou não aceitar a ideia “de acabar com benefício de pobre, ‘a bolsa família está custando muito caro, o salário mínimo está custando muito caro’… Como posso fazer economia em cima dessa gente?”. E recordou que as responsabilidades jurídica, política e social também são prioridades de seu mandato, que aprovou o marco fiscal e a inédita reforma tributária.

Sobre as políticas para as minorias, destacou a importância de sua inclusão na gestão federal, ressaltando a dificuldade de implementar esses avanços. “Temos um governo de coalizão, um conjunto de forças políticas, que indicam seus ministros. Não foi fácil criar o Ministério dos Povos Indígenas. É uma novidade que causa estranhamento em muita gente”, explicou. “A USP até 20 anos atrás era uma universidade de brancos. Hoje tem mais de 50% de gente negra e parda. Hoje, a universidade representa o colorido do Brasil, graças ao Prouni, FIES…”, acrescentou.

O presidente também mencionou investimentos significativos no estado da Bahia, com obras na BR-116, a ferrovia Leste-Oeste e o PAC, que direcionou 40 bilhões de reais para o estado. E destacou a modernidade da agricultura local e a abertura de 145 novos mercados externos para o agronegócio brasileiro nos últimos 18 meses.

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Economia e reeleição

Ao falar de economia, Lula apresentou dados que provam o rumo certo adotado: “O PIB está subindo mais do que a previsão do mercado, o desemprego está caindo mais do que a previsão do mercado, a renda da massa salarial está crescendo mais do que a previsão do mercado”. E aproveitou para citar sua gestão na crise mundial de 2008, da qual o Brasil foi o último país a entrar e o primeiro a sair, lembrando que deixou a presidência com um crescimento de 7,5% do PIB.

O presidente ainda abordou sua saúde e futuras eleições, mas afirmou que só será candidato se não houver outro para combater o fascismo. “Me sinto um menino. Tenho muita energia. Tenho obsessão de consertar esse país e melhorar a vida do povo”, esclareceu.
Por fim, reafirmou seu compromisso com a inclusão ampla, que considera muito importante: “Esse país tem que ser definitivamente de todos”.

Da Redação