Partido dos Trabalhadores

Lula inaugura centro de oncologia e hematologia de hospital federal no RS

Resultado de um investimento federal de R$ 144 milhões, nova unidade do Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre, oferecerá toda a estrutura para radioterapia, sem precisar transferir pacientes para outros locais

Ricardo Stuckert

Lula, o governador Eduardo Leite, a ministra Nísia Trindade (Saúde) e o ex-governador Olívio Dutra

Com investimentos federais de R$ 144 milhões, o Centro de Oncologia e Hematologia do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) foi inaugurado na tarde desta sexta-feira em Porto Alegre (RS) pelo presidente Lula, com um grande diferencial. Vinculado ao governo federal, o GHC oferecerá a partir de agora toda a estrutura para que que os pacientes realizem a radioterapia, sem precisar de transferência para outros locais.

“Estar aqui inaugurando essa excelência para o tratamento de câncer é, na verdade, a realização de um sonho. Eu voltei para provar que esse país só vai dar certo quando for governado por gente que tenha coração, que seja humanista, que goste das pessoas. O povo de Porto Alegre tem o melhor tratamento de oncologia aqui nesse hospital. Não apenas o melhor tratamento, mas o melhor carinho”, disse o presidente que lembrou das 33 sessões que fez quando teve a doença.

“Quando eu vejo um centro de radioterapia como o que vi hoje, tenho certeza que vocês vão salvar muitas vidas. Eu tenho noção da importância disso porque tive câncer. Eu fiz quimioterapia, eu fiz radioterapia e eu tenho noção da importância dessa máquina que vocês compraram”, salientou o presidente, se referindo ao Acelerador Linear, equipamento utilizado durante as sessões que custa R$ 13 milhões.

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Antes do evento de inauguração, transmitida no perfil do presidente na rede X, Lula visitou as instalações do GHC acompanhado pelos ministros Rui Costa, da Casa Civil; Nísia Trindade, da Saúde; Paulo Pimenta, da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul; Renan Filho, dos Transportes e pelos ex-governadores Olívio Dutra e Tarso Genro. O governador Eduardo Leite participou da inauguração do GHC, que foi estratégico durante as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio.

Com área de 14,3 mil metros quadrados e capacidade para atender mais de dois mil pacientes, o GHC terá também expansão da área de atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que necessitam de transplante de medula óssea. Por ano, serão realizados 70 transplantes de medula óssea.

Dos sete andares do GHC, três são destinados para consultórios e internações com, respectivamente, 20 e 94 unidades. O primeiro andar será destinado a quimioterapia, onde serão disponibilizadas 45 poltronas e quatro salas de infusão. O quinto andar será destinado ao auditório, com salas de aula, biblioteca e a Central de Misturas Intravenosas.

O setor de radioterapia será no térreo, com 900 aplicações por ano, o que diminuir o número de filas em exames e consultas de oncologia, redução do tempo de espera e do tempo para início de tratamento. Em 2023 o GHC realizou 45 mil sessões de quimioterapia e a expectativa é de aumento de 66% nos atendimentos ambulatoriais, resultando em mais de 116 mil ao ano.

“O centro de oncologia vai aumentar em 200% das sessões de quimio e 74% das internações. O senhor viu a cara de felicidade das pessoas que estão se tratando. Esse é o SUS! É o SUS!”, exaltou o diretor-presidente do GHC, Gilberto Barichello.

Também na rede X o ministro Paulo Pimenta falou da alegria com a expansão do atendimento oncológico público.

SUS é Estado presente

Ainda em sua fala, Lula lembrou de quando perdeu sua primeira esposa no parto, e também seu primeiro filho, e falou da importância do Estado forte com políticas públicas de peso na área da saúde.

“Quando venho aqui num hospital público que tem a excelência que vocês têm, que tem a respeitabilidade que vocês têm, eu fico muito feliz porque está provado: é preciso acabar com essa bobagem de que o Estado tem que ser mínimo, de que o Estado não pode fazer as coisas”, assinalou, ao lembrar da aprovação do SUS, quando ele ainda era deputado.

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Apesar de todas as críticas, o SUS sobreviveu e, 20 anos depois, veio a pandemia. “Se não fosse o SUS, a gente teria tido uma desgraça muito maior, num momento em que esse país tinha um presidente irresponsável e que é um dos responsáveis pela morte de parte das pessoas que morreram”

“O Estado não tem que ser mínimo, o Estado não tem que ser máximo. O Estado tem que ser Estado, ele tem que dar igualdade de tratamento a todos. Não tem sentido uma pessoa pobre do SUS entrar pelo porão e uma pessoa rica entrar pelo elevador. Não tem sentido utilizar a palavra gasto, saúde é investimento em salvar vidas”, assinalou o presidente, ao dizer que o tratamento com respeito, fraternidade e generosidade significa “metade da cura”.

Obras do Novo PAC e unidades básicas de saúde

“O presidente Lula está permitindo a reconstrução do SUS”, ressaltou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, ao informar que o GHC oferece tratamento para todos os tipos de câncer e serão atendidos 60 pacientes por dia na radioterapia, além de 14 novos leitos para transplante de medula óssea, num trabalho multiprofissional.

Ela destacou o lançamento da construção do Centro de Apoio ao Diagnóstico e Tratamento e do Centro de Atendimento ao Paciente Crítico e Cirúrgico, obras do Novo PAC assinadas durante o evento e falou da medida provisória assinada nesta quinta-feira (15) pelo presidente Lula com foco na atenção integral, na saúde básica e saúde da família.

A partir da MP, a ministra assinou portaria que libera R$ 250 milhões que vão garantir a reconstrução de 50 unidades básicas de saúde e reforma de outras, além de unidades hospitalares e ambulatoriais nas áreas atingidas pelas enchentes no RS. Em nome do governo federal, a ministra agradeceu aos trabalhadores do SUS no trabalho de reconstrução do estado após as enchentes.

Projeto retomado depois de sete anos

“O que o senhor está fazendo pelo Rio Grande do Sul é algo sem precedentes na história. O GHC nasceu porque o SUS precisava atender mais gente que precisa do tratamento de oncologia”, ressaltou o diretor-presidente Gilberto Barichello em sua fala no evento de inauguração.

Ele lembrou que em 2003, Lula disse: “vocês são diretores para cuidar mais e melhor do povo”. A partir de então, o primeiro ato da diretoria foi romper com os planos privados, pois havia 120 leitos numa área privativa que atendia somente quem tinha plano privado enquanto os usuários do SUS ficavam na chuva e no sol para poder acessar a emergência pelos fundos do hospital.

“O senhor veio aqui em 2005 inaugurar a maior e melhor emergência do Rio Grande do Sul. E mais: nós o transformamos em um hospital 100% SUS. Aqui não depende do tamanho do contracheque, da influência que tem na sociedade ou da cor da pele, aqui tem cinco emergências 24h de portas abertas”, exaltou Barichello.

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Engavetado pelos golpistas, recuperado por Lula

O projeto do GHC ficou sete anos engavetado. Prometido desde 2016, as obras começaram em 2017 mas nunca foram concluídas. Em maio de 2023 foram anunciados recursos para compra de equipamentos.

“É um projeto que fizemos em 2015. Desengavetamos, procuramos a ministra Nísia e ficamos sabendo do PAC e do PPA Administrativo”, contou Gilberto, que exaltou os saltos nos números de atendimentos a partir de agora.

“Serão 700 mil exames a mais. Com o Mais Acesso Especialidades vai diminuir tempo de fila e dar mais qualidade de atendimento. Vamos ter mais blocos cirúrgicos, mais leitos de UTI e mais salas de recuperação. Vamos aumentar em 50% da capacidade cirúrgica, vai de 30 mil para 40 mil cirurgias e aumentar em mais 14 mil internações no universo de 60 mil”, informou.

O GHC compra de cooperativas de agricultores 110 toneladas de alimentos orgânicos para alimentar pacientes e trabalhadores.

Entre maio de 2023 e maio de 2024 o GHC atendeu mais de 70 mil consultas especializadas, todas pelo SUS.

Da Redação