Na abertura do 6º Congresso Estadual do PT de São Paulo, na noite desta sexta-feira (5), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que está com mais disposição em disputar as eleições presidenciais em 2018 do que jamais esteve, inclusive a primeira vez em que concorreu ao cargo, em 1989.
Lula participou do evento acompanhado do ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, do presidente nacional do PT, Rui Falcão, dos senadores Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias e de outras lideranças.
Alvo de uma perseguição jurídico e midiática que já dura mais de dois anos, Lula sobre os ataques à sua biografia.
“Eles conseguiram aflorar em mim, aos 72 anos, uma coisa que eu pensei que já havia passado. Agora, que resolveram tentar destruir uma biografia, que eu não devo a eles, que só devo ao povo, terão que me enfrentar outra vez nas ruas deste país”, disse.
O ex-presidente completou: “Não vou permitir que continuem mentindo. Tudo o que eu desejo na vida é disputar as eleições contra o candidato da Rede Globo de Televisão”.
Lula destacou que “não foram poucos os almoços e conversas” que teve com a família Marinho, dona da Rede Globo.
“Eles nunca nos respeitaram. Quero que eles tenham um candidato que tenham um plim plim no peito, para nós dizermos com todas as letras: nós vamos regulamentar a comunicação neste País. Não é possível que existam nove famílias que sejam donas de todos os maiores meios de comunicação da nação”, declarou, enquanto era ovacionado por milhares de militantes presentes na quadra dos Bancários, centro da capital.
Aproveitando a honrosa presença do ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, presente ao evento, Lula falou dos desafios que envolve não só o Brasil, mas toda a América Latina.
“É a verdade que a direita está assumindo uma postura de retomar à força o espaço perdido para a esquerda neste século, inclusive com o golpe vergonhoso dado em cima do PT e da presidenta Dilma Rousseff. O que a gente percebe é um avanço internacional da extrema direita e da direita, e é preciso resistir”, enfatizou.
Falando a uma plateia de filiados petistas, Lula ressaltou que não está falando de coisas negativas para trazer pessimismo.
“É para mostrar que tudo tem tempo para acontecer. Eu agradeço por acordar vivo, pelo dia que tive e quando, vou deitar, peço a Deus que me deixe acordar de novo, porque tenho que ver vocês todo santo dia”.
E garantiu: “Eu, com toda esta fé, nunca estive com tanto tesão para concorrer à Presidência”.
O ex-presidente Mujica também falou durante o evento do PT. Segundo ele, há traços comuns existentes em todos os países da América Latina.
“Somos o continente mais rico em recursos naturais, mas o mais injusto que há em cima da Terra. Temos que nos dar conta que há uma batalha continental, e a responsabilidade do Brasil também é continental”, afirmou.
De acordo com o líder do país vizinho, há uma direita fascistoide que quer confrontação com as forças progressistas em todo o mundo, para reduzir os direitos conquistados por meio da luta de classe.
“É preciso tomar cuidado para não cair no ódio”, alertou o uruguaio, que passou 14 anos como preso político em seu país antes de se tornar presidente.
Golpe
O golpe deu a tônica dos discursos da noite, nos quais as lideranças conclamaram a militância a permaneceram nas ruas e trabalharem junto à população a conscientização dos desmontes que estão sendo promovidos pelo governo golpista de Michel Temer.
Em seu discurso, o presidente Nacional do PT, Rui Falcão, declarou que o partido não estava preparado para enfrentar o processo de impeachment, mas que agora existe um outro golpe em andamento: aquele que quer evitar a volta de Lula à Presidência da República.
“Só vamos conseguir barrar isso se fizermos o enfrentamento. E isso nossa militância nunca se negou a fazer. Por isso, precisamos da militância não só nas redes, mas dia 10 estaremos todos lá e haverá uma resistência no país inteiro.Hoje, a democracia significa ‘Diretas já’e ‘Lula Presidente'”, discursou Falcão.
A senadora Gleisi Hoffmann citou as últimas pesquisas que mostram que o PT é o maior partido do Brasil, lembrado por 22% da população como sua legenda de preferência. Por isso, nessa nova fase o partido tem que fazer o enfrentamento e assumir uma oposição dura que caminhe ao lado dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais.
“Vamos ser radicais na política e na defesa do povo e do ex-presidente Lula. O PT criou 22 milhões de novos empregos, 6 milhões de novas micro empresas, 74% do aumento real do salário, por isso que a elite odeia o PT e odeia o Lula”.
Fazendo coro a Falcão, Gleisi também levantou a bandeira da realização de eleições diretas ainda em 2017. “Nenhum outro presidente tem o legado de Lula”, disse a senadora.
O senador Lindbergh Farias destacou a importância da valorização da militância nesse período de perseguição ao ex-presidente. Para ele, os movimentos sociais e os partidos de esquerda, com destaque para o PT, precisam “engrossar o caldo”, já que o cenário não é de “relativa paz social”como em 2003.
Lindbergh lembrou todas as conspirações imperialistas feitas contra a América Latina e, principalmente, o Brasil. Segundo ele, agora não é diferente, “mas estamos diante de um golpe mais duro que aquele dado contra as estatais brasileiras durante o governo do tucano FHC”.
“Tínhamos Lula no Brasil, Mujica no Uruguai, os Kirchner na Argentina, Chavez na Venezuela, Evo na Bolívia. Agora eles começaram a segunda grande ofensiva neoliberal”, declarou Farias.
Durante todo os dias 6 e 7 o PT de São Paulo dá continuidade aos debates referentes ao congresso estadual que termina com a votação dos delegados estaduais para o cargo de presidente, diretório e chapa de delegados nacionais.
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Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Site Lula.com