No Dia do Diplomata, celebrado nesta segunda-feira (16), o Palácio Itamaraty foi o cenário da cerimônia de formatura da turma Esperança Garcia do Instituto Rio Branco. O presidente Lula, em seu discurso, reforçou a visão do Brasil como um ator global proativo e independente, destacando a importância de uma postura assertiva no cenário mundial.
Lula iniciou sua fala afirmando que o Brasil deve manter relações diplomáticas com todos, mas de maneira independente. “Não temos nada contra nenhum país. O Brasil quer estar com todo mundo, de forma soberana, de forma respeitável. Porque nós não aceitamos ser menores do que ninguém”, declarou.
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O presidente também destacou sua visão sobre o papel do país no contexto global. “O Brasil não pode ser grande apenas em extensão territorial. O Brasil tem que ser grande porque nós, brasileiros, precisamos acreditar que teremos a importância no mundo que quisermos ter”, afirmou, sublinhando sua crença em um Brasil que se afirma como um ator relevante.
Para Lula, a nova geração de diplomatas brasileiros está começando a trabalhar em um momento extraordinário para o país, que é preciso aproveitar: “O Brasil talvez não tenha tido em sua história nenhuma perspectiva de galgar espaços importantes no mundo como ele tem agora com a transição climática e a transição energética. Nunca o mundo viu o Brasil com tanta importância”.
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Em paz com o mundo, em guerra contra a fome
Lula também mencionou seu compromisso com as questões internas do país, lembrando de uma história de 2002, antes mesmo de assumir seu primeiro mandato, quando o então presidente americano George Bush tentou convencê-lo a participar da guerra do Iraque. “Eu disse pra ele: ‘presidente, eu não conheço o Saddam Hussein, o Iraque fica a 14 mil km de distância do Brasil, ele nunca me fez nada, por que eu tenho que fazer guerra contra o Iraque? A minha guerra no Brasil é contra a fome'”.
O presidente ainda enfatizou a importância de uma diplomacia ativa e respeitável. E abordou a atual crise política na Venezuela, mencionando a sua disposição para buscar soluções pacíficas para a crise: “A Venezuela está passando por um momento difícil, e nós queremos ajudar a encontrar uma solução pacífica”.
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O ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira, também felicitou os formandos e enfatizou o papel de Lula como líder global, sempre em busca da igualdade e da paz. “O mundo atual é um mundo em desordem. Desde o início de seu primeiro mandato, vossa excelência fez da palavra do Brasil um instrumento de crítica às múltiplas desigualdades que fragilizavam e ameaçavam a ordem mundial”, afirmou.
E o paraninfo da turma, o embaixador José Maurício Bustani, deixou um recado aos novos diplomatas. “Estejam preparados para conviver com uma nova realidade na qual a disputa comercial e geopolítica vem cedendo lugar ao tecnofeudalismo, em que as grandes corporações de tecnologia serão as novas fontes de poder”, disse, reforçando que, a partir de agora, todas as informações sobre o que acontecem no mundo devem ser consumidas pelos formandos “no café da manhã”.
Homenagem a Esperança Garcia
A escolha do nome da turma de diplomatas em homenagem a Esperança Garcia, uma mulher negra e escravizada do século XVIII, foi um gesto simbólico profundo. A oradora da turma, Ana Cecília Sabbá Colares, destacou sua coragem. “Escolhemos Esperança Garcia para nomear nossa turma pela sua coragem e luta. Ela foi uma pioneira na reivindicação dos direitos humanos”, afirmou, ressaltando a importância da bravura e do ativismo na diplomacia moderna.
A cerimônia de hoje não apenas marcou a formatura de novos representantes brasileiros no exterior, mas também serviu para reafirmar a visão de Lula sobre uma diplomacia baseada na soberania e no respeito mútuo. Com um Brasil cada vez mais ativo e assertivo no cenário internacional, a mensagem do Dia do Diplomata reflete um compromisso renovado com uma postura global que valoriza tanto a independência nacional quanto as relações respeitosas com o resto do mundo.
Da Redação