Partido dos Trabalhadores

Lula: ‘Nós reconhecemos o que Mais Médicos fizeram pelo Brasil”

Em seu primeiro dia em Pernambuco, ex-presidente reuniu-se com médicos que participam do programa e defendeu um atendimento mais humanitário

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Gleisi Hoffmann e Carlos Zarattini participam de reunião com médicos no Recife

Sem dúvidas um dos programas mais bonitos e importantes que os governos do PT conseguiram implementar no Brasil, o Mais Médicos foi o tema de uma reunião do ex-presidente Lula em Recife, uma de suas paradas dentro do projeto Lula pelo Brasil.

Presente no evento, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, relembrou em conversa com médicos, prefeitos e demais presentes a resistência e a oposição que o programa enfrentou desde sua implementação, especialmente para os profissionais cubanos. “Foi uma das coisas mais bonitas que a gente implementou no Brasil na área da saúde básica.

“Hoje fico muito feliz, porque o que a gente vê é uma reação do povo brasileiro defendendo o programa, os médicos cubanos, o que significa muito para a saúde brasileira. Tanto que o governo que assumiu depois da presidenta Dilma Rousseff com o golpe não conseguiu desmontar o programa – e eles queriam desmontar”, comentou.

Outra conquista importante foi o oferecimento de atendimento à população indígena. “Nunca conseguimos colocar médicos em todos os distritos indígenas, pela primeira vez a gente conseguiu graças ao Mais Médicos.”

Isso porque, nas palavras do ex-presidente Lula, o principal compromisso de um médico deve ser cuidar das pessoas mais pobres desse país, as que não têm acesso à saúde. “Nós reconhecemos o que vocês fizeram pelo Brasil.”

“Eu não sei se sou um cara atrasado, mas sinto saudades do clínico geral. Hoje, quando chego ao hospital para fazer um check-up, tiram litros de sangue, mandam fazer não sei o quê e não sei o quê lá. Ninguém pergunta: Lula, você foi ao banheiro hoje? A bexiga está funcionando? Tem algum problema? Ninguém pergunta!”, defendendo uma aproximação na relação entre médico e paciente.

“Parece que não tem mais uma coisa humana em jogo. E acho que os médicos fazem muito bem em conversar, e vocês têm que conversar com quem vocês atendem, as pessoas mais humildes, mais pobres, as que às vezes têm menos orientação, e vocês têm que passar orientações corretas.”

Mais Médicos alterou a realidade nos rincões do Brasil

A história do Mais Médicos marca a vida, além da população atendida, dos profissionais que trabalham no programa. Aristides Oliveira, médico de família em comunidade e professor da Universidade Federal de Pernambuco, no campus de Caruaru, é um desses “doutores” que se envolvem diretamente com o Sistema Único de Saúde (SUS).

“Toda a minha história está envolvida com o SUS. Por conta disso, estou aqui nessa reunião para tratar de um tema tão importante que é o Mais Médicos. Estou envolvido com o projeto desde sua origem”, conta sobre a reunião com o ex-presidente Lula.

Aristides lembra que a atenção básica na saúde brasileira tinha um grande problema crônico: a escassez de médicos. Mas ele vai além: além da falta de médicos, os profissionais disponíveis no mercado não queriam trabalhar nos rincões do País.

“O Mais Médicos veio dialogar com essa grande dificuldade. Foi isso que eu vi o Mais Médicos mudar na minha realidade: municípios que não tinham médicos passaram a ter um médico e as pessoas tinham médicos na sua porta”, afirma.

Também professor da Universidade Federal de Pernambuco, Paulo Santana participou efetivamente da implantação do Mais Médicos no Brasil. Ele reforça a fala de Aristides e conta que, em 2013, o Brasil viveu uma situação de falta de profissionais para trabalhar diretamente com a atenção básica.

“O Brasil vivia na estatística de que 850 cidades não tinham médicos. E o SUS estava parado, não conseguíamos avançar. O governo Dilma construiu o programa Mais Médicos, que levou os médicos a todos os recantos do País e a ter novos médicos formados no Brasil”.

No entanto, Paulo Santana diz sentir, diariamente, os riscos do Brasil voltar a ser como antes, com um atendimento de saúde limitado e com os mais pobres abandonados.

“Hoje eu sinto o risco da gente voltar a ter um País em que a gente volte a antes de 2002, em que a gente não tinha um SUS que avançava. Temo que neste momento a gente comece a recuar, regredir. O governo atual se propondo a trazer planos populares de saúde, que são uma ameaça ao SUS, à qualidade de vida do povo e à saúde pública do Brasil”.

Entre os inúmeros médicos que participaram da reunião com o ex-presidente Lula, como parte da caravana, Carol Paes se emocionou ao relembrar histórias de pessoas beneficiadas pela saúde pública e pelo Mais Mais Médicos.

Uma dessas lembranças é da região em que nasceu o ex-presidente. Ela, médica de família de comunidade e também professora da Universidade Federal de Pernambuco, no campus de Caruaru, foi servidora do programa em Águas Belas, perto de Guaranhuns, lembra que apenas 2 médicos atendiam, na época, no município de 40 mil habitantes.

E com o Mais Médicos, a realidade daquela população mudou. Com a chegada dos novos profissionais, a população se viu em polvorosa.

“Foi interessante ver a integração desses médicos que se tornaram membros daquela sociedade. Isso faz toda a diferença. Os médicos sobem em motos e sobem os morros para atender as pessoas em casa. São médicos compromissados em fazer parte da vida dessas pessoas. Espero que essa história continue, reforçando o Mais Médicos e ampliando”.

Os ataques golpistas à saúde pública

Uma das experiências mais marcantes de Lula pelo Brasil é ouvir as demandas da população em relação ao programa, relata Aristóteles Cardona Júnior, médico de família e professor da Universidade do Vale do São Francisco e tutor dos mais médicos.

“A população percebe o risco que o programa corre, e não à toa o tema tem surgido em todas as cidades, em cada local temos escutado homens e mulheres colocando essa preocupação”, relata.

“Certamente sabemos que, dentro da nossa proposta de sociedade, o fortalecimento do Mais Médicos e a construção de uma saúde pública forte e de qualidade têm papel importante.

“Não é à toa que, mesmo depois do golpe, haja resistência, na verdade uma pressão muito forte, para que o programa acabe. A gente percebe que ele tem sido atingido em vários componentes, como a supervisão desses profissionais realizada pelas universidades.”

A sorte, relata, é a altíssima taxa de aprovação do programa, que fez com que prefeitos e prefeitas pressionassem para que ele permanecesse. “Mas, se dependermos desse governo golpista, eles vão acabar com o Mais Médicos. Essa disputa não acabou. É uma disputa cotidiana que temos lutado ao lado da população. São propostas totalmente vazias que privilegiam o capital privado dentro da saúde, da medicina.”

“Estar num espaço como este, junto de companheiros e companheiras e da população que defende o Mais Médicos e sabe do que está falando é muito importante, faz com que a gente siga com muito mais força”

Por Clarice Cardoso e Mariana Zoccoli, enviada especial ao Nordeste com a caravana Lula pelo Brasil, para a Agência PT de Notícias