Mais de 500 empresários brasileiros e chilenos participam, nesta segunda-feira (5), em Santiago, do Fórum Empresarial Brasil-Chile, promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) para impulsionar a integração econômica e a cooperação regional e estratégica entre os dois países. O presidente Lula e Gabriel Boric, presidente chileno, participam do encerramento do evento.
Lula chegou ao Chile na noite de domingo (4) para uma visita oficial de dois dias, com o objetivo de estreitar relações políticas e econômicas e diversificar parcerias. De acordo com levantamento da Apex Brasil, o mercado chileno oferece 1.745 oportunidades comerciais para a ampliação das exportações brasileiras e quatro setores se destacam: máquinas, equipamentos de transporte, combustíveis e lubrificantes, produtos alimentícios e artigos manufaturados em geral.
Indústria e tecnologia, integração regional, transporte e sustentabilidade na agricultura são os principais temas do Fórum, que tem como grande destaque diálogos em torno do Corredor Bioceânico, obra de infraestrutura com mais de 1.800 km de extensão que ligará o Centro-Oeste brasileiro aos portos do Norte do Chile.
O empreendimento tem orçamento garantido de R$ 200 milhões do Novo PAC para o trecho de 13 km da BR-267 que dá acesso à ponte internacional que liga o Brasil ao Paraguai. O projeto envolve a parceria do Brasil, Chile com a Argentina e o Paraguai.
Leia mais: “Brasil e Bolívia devem exportar sustentabilidade”, diz Lula em Fórum Empresarial
A obra, segundo o Ministério das Relações Exteriores, a está em fase de conclusão e, neste momento, os países estão discutindo como garantir os serviços fronteiriços e logísticos, além do incentivo a empreendimentos na região, informou o site CNN.
“É uma obra importantíssima para o escoamento das nossas exportações. E já estamos começando a conversar sobre as aduanas, porque isso vai servir para escoar, da mesma maneira que outros corredores, nossas exportações do Centro-Oeste, de commodities, para a China, com uma economia significativa” afirmou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, à CNN.
Com o Corredor Bioceânico, a estimativa é de uma redução de até três semanas no tempo de viagem de produtos hoje exportados para a China ou outros mercados asiáticos via Santos (SP).
Programação
Após a solenidade de abertura, com a presença do embaixador do Brasil no Chile, Paulo Pacheco, de Sebastián Depolo Cabrera, embaixador do Chile no Brasil e do presidente da Apex, Jorge Viana, o Fórum Empresarial teve, na manhã desta segunda-feira (5) sessão de análise econômica Brasil-Chile seguido de painel sobre agro e sustentabilidade, com a participação do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Na sequência, os debates foram sobre “Nova indústria e tecnologia”, com a presença de Márcio Elias Rosa, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, participa do painel seguinte sobre energia e minerais estratégicos.
A temática da integração regional será debatida no último painel com a participação do ministro da Economia do Chile, Nicolás Grau, além de Marcelo Freixo, presidente da Embratur, e Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer, além de vários outros empresários e autoridades brasileiras e chilenas.
Leia mais: Proposta do Brasil para acabar com a fome no mundo é aclamada no G20
O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e Jorge Viana, presidente da Apex, participam da sessão de encerramento com a presença dos presidentes de Brasil e Chile.
O Fórum Empresarial Brasil-Chile é o terceiro do tipo realizado em 2024 pela Apex Brasil para estreitar as relações comerciais entre o Brasil e os países das Américas do Sul, Central e do Caribe. Os outros dois foram na Bolívia e na Colômbia.
Solidez e diversificação
Brasil e Chile têm 188 anos de relações e mais de 90 acordos bilaterais em vigor. Trata-se de uma sólida relação comercial que o governo Lula busca intensificar e diversificar.
Terceiro maior parceiro comercial do Chile, o Brasil tem uma relação comercial da ordem de US$ 12 bilhões por ano, ficando atras apenas dos Estados Unidos e China. O Chile é o sexto maior destino de exportação do Brasil, principalmente de petróleo, automóveis e carnes. O Brasil importa cobre, pescado e minério e é o maior destino dos investimentos chilenos em todo o mundo, com destaque para setores de celulose, varejo e energia. A companhia aérea Latam é a maior empresa chilena no Brasil. Entre os países da América Latina, o Brasil é o que mais investe no Chile.
O presidente Lula deve assinar 17 acordos bilaterais com o Chile, concretizando a reaproximação diplomática entre os dois países, segundo a embaixadora Gisela Padovan.
“Nós estamos buscando expandir essa agenda bilateral para exatamente trabalhar uma amizade que vai além dos temas econômicos e comerciais, para assuntos como ciência e tecnologia, defesa da democracia e direitos humanos, educação, inovação, saúde. Nós temos uma agenda muito densa e que abrange vários aspectos”, disse a embaixadora em matéria publicada pela Agência Brasil.
Leia mais: Lula defende integração como “necessidade de sobrevivência democrática”
“Queremos trabalhar para que a região não seja simplesmente uma exportadora de commodities, mas possa também beneficiar e gerar empregos de qualidade”, afirmou.
Promoção da competitividade
A ApexBrasil promove produtos e serviços brasileiros no exterior para atrair investimentos estrangeiros a setores estratégicos da economia brasileira. A agência realiza ações como missões comerciais, rodadas de negócios, apoio à participação de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais, com a missão de desenvolver a competitividade das empresas brasileiras, promovendo a internacionalização dos seus negócios e a atração de investimentos estrangeiros diretos.
Atualmente, cerca de 13 mil empresas de 81 setores produtivos da economia brasileira, que exportam para mais de 200 mercados, têm o apoio da Apex. Além da sede em Brasília, a Apex possui Unidades de Atendimento nos estados brasileiros e Centros de Negócios (CNs) nos principais mercados globais.
Os CNs estão estrategicamente localizados na Ásia (Pequim – China), Oriente Médio (Dubai – Emirados Árabes Unidos), América do Norte (Miami – EUA), América Central e Caribe (Havana – Cuba), Europa Ocidental (Bruxelas – Bélgica), Leste Europeu (Moscou – Rússia) e África (Luanda – Angola). Também em Bruxelas, está instalado o Brazilian Business Affairs (BBA), escritório da Apex-Brasil que tem a função de acompanhar as tendências e deliberações da União Europeia que possam afetar as exportações brasileiras, conforme publicação no site da Agência.
Da Redação