O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta segunda-feira (18) com ambientalistas e pesquisadores para debater a situação atual das políticas públicas e propostas para a proteção do Meio Ambiente e do desenvolvimento sustentável no Brasil. Para reforçar o combate ao desmatamento, foram discutidas ações como o fortalecimento do Ibama, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm).
“É a primeira decisão a ser tomada. Reduzimos o desmatamento de forma substancial, em um esforço gigantesco que está sendo perdido, com 300% a mais de área desmatada no atual governo (veja gráfico)”, ressaltou o ex-ministro Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA), onde ocorreu o encontro, de forma presencial e on-line.
Mercadante disse ainda que outra iniciativa que pode ser tomada é a criação do Instituto Tecnológico da Amazônia, para estimular pesquisa, gerar valor agregado, verticalizar a estrutura produtiva da região. “Tivemos um exemplo interessante do açaí, que gera cerca de R$ 1 bilhão na produção. No entanto, nos EUA, o açaí é processado e vira cerca de 50 produtos diferentes, que geram 15 bilhões de dólares. Precisamos gerar valor agregado e para isso precisamos de um novo tipo de indústria, que valorize a produção regional”, acrescentou o ex-ministro.
Para Mercadante, os governos do PT provaram que é possível controlar os desmatamentos nos diversos biomas brasileiros, especialmente no mais vigiado deles, a Amazônia, e aliar isso com desenvolvimento. O que é necessário, segundo ele, é ampliar o alcance desse trabalho.
“Precisamos de uma convergência para o Brasil impedir o desmatamento da Amazônia. O sul da Amazônia em especial vive um processo de desestabilização, com árvores morrendo mais cedo e regimes de chuva descontrolados. Estamos muito perto do ponto de não-retorno. Hoje recebemos muitas sugestões de combate ao desmatamento, retomar o fortalecimento o Ibama, do ICMBio, dos sistemas de monitoramento”, destacou.
Segundo Mercadante, outras propostas que podem ajudar a retomar a agenda da preservação ambiental aliada ao desenvolvimento do país também passa pela criação de uma universidade dos povos indígenas, que inclua os saberes originários à produção científica brasileira, a sugestão de uma empresa nos mesmos moldes da Embrapa voltada à biodiversidade e a inclusão de um S a mais no BNDES, para que o banco fomente ações de sustentabilidade.
Debate com a sociedade
O ex-presidente Lula pediu esforços aos participantes para debater com a sociedade brasileira a ideia de que a proteção ambiental não é inimiga do desenvolvimento econômico e do progresso. “É preciso que a gente convença a sociedade que isso é uma possibilidade. Quando a gente fala em benefício para a humanidade é lindo, mas a pessoa que está lá precisa ser incluída, saber que vai ter emprego, escola, saúde. Vamos melhorar as coisas, vamos gerar empregos, oportunidades”, disse o ex-presidente.
O encontro contou com a participação de Carlos Nobre, ex-presidente da Capes e do painel intergovernamental do IPCC (o comitê da ONU para combate às mudanças climáticas); do senador Jaques Wagner (PT-BA), presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado; do economista Ricardo Abramovay, professor da FEA-USP; do ambientalista André Guimarães; da ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira; dos ativistas Carlinhos dos Anjos e Claudinha Pinho, ambos dirigentes do Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais; da economista Esther Bemerguy, ex-secretária de Planejamento e Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento no governo Dilma; de Sueli Araújo, ex-presidenta do Ibama, e da Secretaria Nacional de Mulheres do PT, Anne Moura.
Também participaram, em nome de seus partidos, o senador Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade; o ex-deputado federal Eron Bezerra, do PC do B; o deputado federal Zé Carlos, do PV; e o vice-presidente da Fundação João Mangabeita, Alexandre Navarro, do PSB, além do ex-governador do Piauí, Wellington Dias.
Do site lula.com.br