Partido dos Trabalhadores

Lula, no 1º de maio: “O povo trabalhador sabe o que deve ser feito no país”

“Temos de lutar para transformar aquilo que é inflação em aumento de salário, para que o povo possa comer e viver melhor nesse país”, afirmou Lula, em ato do 1º de maio com as centrais sindicais, em São Paulo

Ricardo Stuckert

Lula no 1º de Maio das Centrais Sindicais, em São Paulo

Conclamando o povo a resistir ao fascismo de Bolsonaro, o ex-presidente Lula discursou em São Paulo, neste domingo, em ato do 1º de maio promovido pelas centrais sindicais, com a presença de diversas lideranças do campo progressista. Lula lembrou que é tempo de lutar e recuperar os direitos da classe trabalhadora, duramente atacada por um governo antipovo. E que é preciso vencer as eleições de outubro para uma completa reconstrução do país.

“Se preparem, porque alguém melhor do que esse presidente vai ganhar as eleições”, avisou Lula, entusiasmado. “E vocês serão convidados para sentar em uma mesa de negociação e a gente restabelecer as condições de trabalho e o respeito ao direito dos trabalhadores”, prometeu o petista. “Quem sabe o que precisa ser feito não é nenhum capitão, é o povo trabalhador, o estudante, as mulheres desse país“.

VEJA COMO FOI O 1º DE MAIO EM TODO O BRASIL

Todos vocês, mesmo os jovens, devem ter um parente que já viveu melhor quando eu governava esse país”, disse. “No tempo em que eu governava esse país, o salário mínimo tinha aumento real todo ano. Além de a gente recuperar a inflação, dava o crescimento do PIB do ano anterior. Isso fez com que o salário mínimo subisse 77%”, explicou Lula. “Diziam que não era possível aumentar o salário mínimo porque gerava inflação. Mas nós aumentamos e a inflação ficou dentro da média estabelecida por nós, 4,5%”.

“Acontece que, nesse país, foram poucos os governos, que depois de Getúlio Vargas, tiveram coragem de discutir o aumento do poder aquisitivo do povo brasileiro”, destacou.

Inflação corrosiva, inimiga do trabalho

Lula criticou duramente o governo golpista de Bolsonaro, unicamente comprometido com o sistema financeiro e não com a economia real do povo. “A inflação do mês foi a maior em 27 anos”, espantou-se Lula. “Significa que quando a inflação cresce, o salário diminui, o carrinho de compra tem menos compras e na mesa tem menos coisas na hora do almoço e do jantar para a família de vocês comerem”, discursou.

“Por isso que temos de lutar para reduzir a inflação e transformar aquilo que é inflação em aumento de salário para que o povo possa comer e viver melhor nesse país”, afirmou. “Lembrem que estamos com 19 milhões de pessoas passando fome e 116 milhões de pessoas com algum grau de insegurança alimentar. Falo com vocês para dizer que tenho orgulho de, nos governos do PT, termos criado 22 milhões de empregos com carteira profissional assinada”.

Acordos salariais e uberizados

“As centrais sindicais sabem. Durante todo o período do meu governo, 90% de todos os acordos salariais feitos pelas categorias organizadas tiveram aumento real de salário. Hoje, apenas 7% têm aumento real”, lamentou o petista.

“Temos de sentar na mesa e regulamentar a vida das pessoas que trabalham com aplicativo, temos de dizer que esses companheiros não podem ser tratados como se fossem escravos”, sugeriu Lula. “Eles têm de ter direito a um programa de saúde, de assistência social, médica, seguro quando baterem no seu carro, moto ou bicicleta. Essas pessoas têm de ter descanso semanal remunerado porque a escravidão acabou em 13 de maio de 1888”.

Lula insistiu na retomada de  um ambiente de diálogo entre governo e trabalhadores. “Esse atual presidente, que chamo de fascista e genocida, nunca reuniu os dirigentes sindicais, governadores, prefeitos, movimentos sociais”, atacou.

“É disso que estamos precisando, emprego bem remunerado, salário decente, casa para o povo pobre. Temos de recuperar nossa Petrobras, não podemos deixar privatizar a Eletrobras porque, se for privatizada, nunca mais vai ter um programa como o Luz para Todos para levar energia ao povo pobre”.

Lula lembrou que será preciso um amplo esforço para debater os temas de relevância nacional e encontrar consensos em torno das políticas que precisarão ser colocadas em prática com urgência. O objetivo central é debelar a fome, acabar com o desemprego e gerar renda no país. “Vamos pegar um país destruído, mas tenho certeza de que, da mesma forma que vocês ajudaram a gente a construir um Brasil – eu fiz 74 conferências para definir políticas públicas -, vamos voltar com as conferências”, ressaltou. “Vamos dizer o que tem de ser feito nesse país”.

Papel da cultura

Lula destacou o papel fundamental da cultura na construção da identidade nacional e garantiu que, em um governo petista, a cultura terá destaque. “Precisamos voltar àquela sociedade em que o amor supera o ódio, a cultura supera a ignorância. E para a cultura superar a ignorância, podem ficar sabendo que, mesmo tendo Ministério da Cultura, iremos criar um comitê de cultura para envolver artistas do Brasil inteiro. Pouca coisa pode gerar emprego nesse país como a cultura”, opinou Lula.  

“Se a gente reativar a cultura, vamos dar um banho de geração de emprego no país”.

Projeto de país

Em seu discurso, a presidenta Nacional do PT Gleisi Hoffmann disse que os atos do 1º de maio existem desde 1917 no Brasil e demarcam a luta por direitos da maioria do povo brasileiro. “Aqui estão as lideranças, a militância que colocam como prioridade a causa da maioria do povo. Aqui está quem debater a renda, o emprego, a carestia, a qualidade de vida do povo”.

“Infelizmente, o país que temos hoje está governado por um homem que coloca como centralidade da sua pauta o interesse pessoal. O que fez Bolsonaro nesses dias? Convocou [as pessoas] para um ato contra o STF”, reagiu. “Vocês acham que a causa da tristeza do povo brasileiro é o Supremo Tribunal Federal?”, questionou Gleisi.

Pauta do povo

“A causa da tristeza do povo brasileiro é não ter um projeto para esse país, é ter gasolina, óleo diesel, gás de cozinha caro, é as pessoas irem no supermercado e não comprar o necessário para dar sustentação para suas famílias”, apontou. “É a baixa renda, é o desemprego”.

Gleisi acusou Bolsonaro de querer desviar o foco da população brasileira para não assumir responsabilidade sobre o fracasso de seu governo e a situação de penúria pela qual passa a população brasileira.

“Nós lutamos pela democracia, por nossa instituições, pelo voto na urna eletrônica. Mas a democracia tem de ser consistente para a vida do povo”, justificou Gleisi. “Democracia, para nós, é ter direito à renda, comida, saúde, educação. Ele [Bolsonaro] tem uma pauta pessoal, nós temos a pauta do povo. Por isso, Bolsonaro não volta, vai para fora, e nós iremos devolver esse Brasil ao povo brasileiro”.

Trilho da democracia

Em discurso curto e contundente, o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad enfatizou a importância da data celebrada pelos trabalhadores neste ano de disputa eleitoral. “Estamos em um momento muito delicado da vida nacional, em que todas as centrais sindicais aqui representadas estão sendo gradativamente destruídas, para garantir que lucros aumentem às custas do trabalhador, que vai no mercado e a cada mês compra menos comida para a sua família”, alertou o petista.

“[O povo] tem menos serviços públicos à sua disposição. Com teto de gasto, com reforma trabalhista, com tudo que sabemos que o neoliberalismo trouxe de ruim para no nosso país”, denunciou.

“Nós temos cinco meses até a eleição, cinco meses para virar votos. Vamos recolocar esse país no trilho da democracia e do desenvolvimento social”, anunciou. “Vamos colocar os fascistas para correr, vamos recolocar o Brasil na mão dos trabalhadores, essa é a tarefa que temos pela frente. O 1º de maio do ano que vem será o da celebração dos direitos sociais e trabalhistas desse país”, concluiu Haddad.

Da Redação