No encerramento do seminário “A realidade brasileira e os desafios do Partido dos Trabalhadores”, nesta sexta-feira (6), o presidente Lula entrou ao vivo, por meio de videoconferência, para passar uma mensagem positiva à militância petista. Ele chegou a ler trechos do Manifesto do PT durante sua fala e pediu que fossem revisitadas as razões que levaram à criação da legenda, na década de 1980.
“Todo mundo tem que saber: nós queremos governar um país para todos. Mas a gente precisa dizer em alto e bom som: ‘nós precisamos dar prioridade para as pessoas mais necessitadas, mais frágeis, que ganham menos’. É isso que nós vamos fazer, foi para isso que nós fomos eleitos, é o país que nós teremos”, enfatizou o presidente.
Lula esbanjou orgulho pelo legado de inclusão social do PT. “Se você pegar a história do Brasil, há dois momentos em que a classe trabalhadora obteve conquistas: foi no governo Getúlio Vargas, com a criação da CLT, da jornada de trabalho e do salário mínimo; e no nosso governo, com as políticas de inclusão social. Pesquisem outro momento da história em que os trabalhadores conquistaram tanto quanto agora”, apontou.
“Nascemos para ser diferente”
O petista reconheceu que a esquerda precisa se reaproximar da população mais vulnerável, o que sempre a diferenciou das demais correntes políticas. Para Lula, o ódio contra o PT se deve, precisamente, às bandeiras que encampa.
“Se a gente não discutir política dentro da fábrica, do comércio, no bairro, se a gente aparecer nos bairros apenas de quatro em quatro anos para pedir voto, nós estaremos sendo igual a qualquer partido nesse país. Nós não nascemos para ser igual, nascemos para ser diferente”, defendeu.
“É por isso que há um ódio estabelecido contra o PT, que há uma perseguição contra o PT, que teve mensalão, Lava Jato. E a gente não pode aceitar essas coisas como algo normal”, concluiu.
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Banqueiros e especuladores
Ao se referir à recente pesquisa Quaest, Lula se disse satisfeito com o fato de que 90% dos especuladores do mercado financeiro lhe são contrários.
“É muito importante que banqueiros digam que são contra mim para a gente poder dizer de que lado eles estão. Quem é o candidato deles? Qual é a política pública, social e econômica que eles querem? Se a gente não fizer essa diferença, parece que tudo é igual. E nem tudo é igual. A gente continua vendo os pobres morrendo, e nós nascemos para mudar isso”, ponderou o presidente.
Integração sul-americana
Lula está no Uruguai, onde participa da Cúpula do Mercosul. Durante a videoconferência com a militância do PT, o presidente fez questão de mencionar o pacto comercial firmado com a União Europeia (UE): “Depois de 25 anos esperando um acordo entre a União Europeia e o Mercosul, finalmente saiu. Um acordo dessa natureza nunca é tudo o que a gente quer, mas, muitas vezes, é tudo o que é possível fazer e, às vezes, é mais do que aquilo que a gente esperava”.
“Eu acho que o acordo vai ser frutífero para a América do Sul e vai ser frutífero para, eu diria, o comércio do mundo inteiro. Esse acordo, ele envolve uma população de 720 milhões de pessoas e um PIB de US$ 22 trilhões. Portanto, não é uma coisa pequena, é uma coisa extraordinária”, avaliou Lula.
O presidente também visitou o companheiro Pepe Mujica, ícone da esquerda latino-americana, a quem condecorou com a maior honraria brasileira, a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.
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Enfrentamento ideológico
Antes da mensagem de Lula, a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e o presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA), Paulo Okamotto, explicaram o objetivo do seminário e a tarefa de elaborá-lo. Na avaliação de Gleisi, o evento “foi um sucesso”.
“Esse seminário foi concebido para que a gente pudesse fazer uma reflexão sobre o momento que nós vivemos no país, e quais são os desafios que nós temos em relação a essa conjuntura e realidade”, definiu.
“Esse foi o objetivo, que a gente reunisse esse time, um time que expressa publicamente a cara do PT, que está sempre nos embates e debates e na condução do partido”, elogiou a deputada.
Já Okamotto agradeceu ao PT pela confiança na FPA para confeccionar o seminário. Assim, argumentou, o partido vai ter “mais condições de fazer o enfrentamento ideológico que nós precisamos fazer na sociedade”.
“Vamos continuar seguindo a determinação da direção nacional e vamos continuar, no ano que vem, fazendo mais paineis como esse, discutindo a realidade brasileira, a questão do clima, da transição energética, a questão dos novos empregos, vamos dar um banho no nosso partido para continuarmos defendendo a classe trabalhadora, o povo brasileiro e o governo Lula.”
Da Redação